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  • Feira de Santana, sbado, 19 de julho de 2025

Segurança

OAB investiga a conduta do advogado João Neto, após a divulgação de vídeos que mostram agressão à mulher

17 de Abril de 2025 | 09h 45

O suspeito pode perder o registro profissional

OAB investiga a conduta do advogado João Neto, após a divulgação de vídeos que mostram agressão à mulher
Foto: Reprodução/INstagram

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) informou, nesta quarta-feira (16), que abriu uma investigação para apurar a conduta do criminalista baiano João Neto. O também influenciador digital aparece em uma série de vídeos, gravados por câmeras de segurança, agredindo a própria companheira. O incidente aconteceu no apartamento onde ele e a vítima moravam, em Maceió, capital do estado de Alagoas. O caso ganhou repercussão nacional, após a divulgação das imagens.

Preso em flagrante, na noite da última segunda-feira (14), o advogado, de 47 anos, teve a prisão preventiva decretada durante a audiência de custódia, na terça-feira (15). Ele nega as acusações. A Polícia Civil da Bahia (PCBA), no entanto, declarou que as provas ajuntadas, até aqui, não deixam dúvidas do fato.

Por meio de nota, a seção baiana da OAB disse que se juntou à de Alagoas, no processo de apuração da conduta do advogado. "A OAB Bahia e seu Tribunal de Ética e Disciplina (TED) informam que, muito embora não comentem procedimentos disciplinares em curso, em razão do sigilo que legalmente recai sobre tais processos, à luz dos fatos de amplo conhecimento público ocorridos na última segunda-feira, estabeleceram contato com a OAB Alagoas e seu Tribunal de Ética e Disciplina, com o objetivo de obter informações formais sobre o ocorrido”, destacou a entidade.

Além disso, salientou que, “a partir desse diálogo institucional, o TED da OAB-BA buscará estabelecer uma conduta coordenada com o TED da OAB-AL, visando à apuração rigorosa dos fatos, com absoluto respeito ao devido processo legal, à ampla defesa e ao contraditório, conforme garantido pela Constituição Federal”.

No documento, a OAB também manifestou "o mais veemente repúdio" a toda e qualquer forma de violência praticada contra mulheres e afirmou que João Neto pode perder o registro profissional, caso as denúncias sejam confirmadas. “A OAB Bahia e seu Tribunal de Ética reiteram o mais veemente repúdio a toda e qualquer forma de violência praticada contra mulheres. Ademais, quando tais condutas são atribuídas a advogados ou advogadas, podem ensejar a apuração de inidoneidade moral e, se confirmadas, a exclusão dos quadros da Ordem, nos termos da Súmula 09/2019/COP do Conselho Federal da OAB”, advertiu.

Para a OAB, a ética deve balizar a conduta dos seus associados. “Ao reforçar seu compromisso com a ética, a dignidade da advocacia e os direitos fundamentais da pessoa humana, a OAB-BA e seu TED reafirmam o princípio de que a ética valoriza a advocacia e é instrumento essencial para a proteção da sociedade e do prestígio da classe", ressaltou.

Vídeos – De acordo com a Polícia Civil, João Neto aparece agredindo a companheira não apenas nos dois vídeos que vieram a público, mas também em outras imagens gravadas pelas câmeras de segurança do edifício onde o casal reside.

O mais recente foi divulgado pela própria defesa do acusado, nesta quarta-feira (16), com o intuito de sustentar a versão de que não houve agressão e que o corte no rosto da vítima foi acidental.

A delegada Ana Luiza Nogueira, que investiga o caso, porém, disse que as imagens comprovam o relato que a vítima deu, em depoimento. "Já tivemos acesso a todos os vídeos e eles só corroboram o que foi dito pela vítima. Na verdade, são vários vídeos e, juntando todos, mostra que, realmente, houve violência doméstica", apontou.

Conforme a autoridade policial, a gravação divulgada pela defesa deixa claro que a mulher do advogado se agarra às paredes, no intuito de não ser posta para fora de casa. Também que os empurrões continuam até a vítima ser jogada no chão. A jovem, de 25 anos, não teve o nome divulgado.

No momento da agressão, um funcionário do condomínio passa pelo corredor e vê a cena, mas não interfere. Outro vídeo mostra o episódio a partir de um ângulo diferente. Neste, a vítima aparece na porta do apartamento. Também dá para ver muito sangue no chão do corredor, Na sequência, o influenciador tenta tapar o rosto da mulher com um lenço, aparentemente, de forma agressiva.

Após a agressão, a vítima foi socorrida para um hospital particular de Maceió e precisou levar três pontos no queixo. À polícia, ela contou que se mudou de Arapiraca, no interior de Alagoas, para a capital do estado, a fim de morar no apartamento do advogado.

A mulher disse, ainda, que os dois mantêm um relacionamento afetivo há cerca de dois anos e que já havia sido agredida pelo companheiro, em ocasião anterior. Ela afirmou que, em outubro de 2024, foi ferida na cabeça e também precisou ser levada a um hospital.

O ACUSADO – O advogado João Neto costumava se apresentar, nas redes sociais, como mestre em Ciências Criminais e ex-policial militar, segundo ele, com atuação na Bahia.

Sobre a sua ligação com a corporação responsável pela Segurança Pública do estado, a Polícia Militar da Bahia (PMBA) destacou que o suspeito foi desligado há 15 anos, enquanto ainda realizava o curso de formação de soldados.

A PMBA também salientou que, como foi desligado antes de concluir a etapa de formação, João Neto sequer chegou a trabalhar nas ruas, como policial militar.

Em suas postagens nas redes sociais, o advogado usa o bordão "no coco e no relógio", expressão que, segundo o blog Qual é a gíria?, significa realizar disparos de arma de fogo em um indivíduo, acertando a cabeça (coco) e o coração (relógio). A frase se popularizou como criação do jurista.

Além disso, João Neto responde dúvidas de seus seguidores e grava vídeos com "memes" referentes ao mundo jurídico. Em um deles, comemora a absolvição de um cliente que havia admitido um crime. "A cara de felicidade do advogado ao ouvir o cliente dizer: ‘Fui eu, doutor’… e, ainda assim, conseguir convencer o próprio cliente — e a Justiça — de que não foi ele! Alvará expedido, o cliente será solto, a família fazendo o pix", escreveu.


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