A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidirá, nesta quarta-feira (26), se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais sete acusados de tramar um golpe de Estado se tornarão réus. A sessão deve começou às 9h30.
O colegiado entrou no segundo dia do julgamento do
recebimento da denúncia apresentada, em fevereiro, pela Procuradoria-Geral da
República (PGR) contra oito dos 34 acusados de integrar uma organização
criminosa cujo objetivo era abolir, de forma violenta, o Estado Democrático de
Direito e manter Bolsonaro no poder. Segundo a Polícia Federal (PF) e a PGR, o grupo
atuou entre 2021 e o início de 2023.
A sessão começa com o voto do relator, Alexandre de Moraes.
Em seguida, os ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin
proferem suas decisões. Caso a maioria dos magistrados vote pela aceitação da denúncia da PGR, Bolsonaro e os outros sete
acusados passarão à condição de réus.
Com isso, eles passarão a responder
a uma ação penal no STF, por cinco crimes: organização criminosa armada;
tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de
Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça; e deterioração de
patrimônio tombado.
Com a eventual abertura do processo criminal, os advogados
poderão indicar testemunhas e pedir a produção de novas provas para comprovar
as teses de defesa.
Após o fim da fase de instrução do processo, o julgamento
será marcado. Os ministros da Suprema Corte, então, decidirão se o
ex-presidente e os demais investigados serão condenados à prisão ou absolvidos.
Não há, ainda, uma data definida para o julgamento. Em caso de condenação, somadas,
as penas podem chegar a 30 anos de prisão.
Acusados – A denúncia julgada pela Primeira
Turma do STF trata do chamado “núcleo crucial” do golpe, que é composto por Jair
Bolsonaro, ex-presidente
da República; Walter Braga Netto,
general do Exército, ex-ministro e vice de Bolsonaro na chapa das eleições de
2022; General Augusto Heleno,
ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional; Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de
Inteligência (Abin); Anderson Torres,
ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito
Federal; Almir Garnier,
ex-comandante da Marinha; Paulo Sérgio
Nogueira, general do Exército e ex-ministro da Defesa; e Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante
de ordens de Bolsonaro e delator, no processo.
Acusação – De acordo com a acusação da PGR,
Bolsonaro tinha total conhecimento do plano golpista intitulado Punhal Verde Amarelo, que continha o
planejamento e a execução de ações para assassinar o atual presidente, Luiz
Inácio Lula da Silva (PT), vencedor da corrida eleitoral de 2022; o
vice-presidente Geraldo Alckmin (PSDB); e o ministro do STF Alexandre de
Moraes.
O órgão também afirma, de forma categórica, que o
ex-presidente sabia da minuta do decreto por meio do qual pretendia executar um
golpe de Estado e sequestrar os poderes centrais do país. Durante a
investigação, o documento ficou conhecido como "minuta do golpe".
Primeiro dia – Ontem (25), durante o primeiro dia do
julgamento, os advogados de Bolsonaro e seus aliados rebateram a denúncia
apresentada pelo procurador-geral da República. Paulo Gonet, no entanto, reforçou
as acusações de tentativa de golpe de Estado contra os acusados.
Bolsonaro apareceu de surpresa no STF e acompanhou,
presencialmente, a sessão. Apesar de não existir qualquer impedimento, a
presença de investigados nos julgamentos da Suprema Corte não é comum.
Os magistrados que compõem a Primeira Turma do STF rejeitaram
diversas questões preliminares, como a anulação da delação premiada de Mauro
Cid.
O colegiado também negou o impedimento dos ministros
Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin para julgar o caso; o
reconhecimento da competência do plenário, e não da turma, para julgar a
denúncia; e as alegações de cerceamento impetradas pela defesa dos investigados.
*Com informações da
Agência Brasil.