O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF), negou, na noite desta terça-feira (20), o pedido protocolado
pela defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para que o ministro Alexandre
de Moraes fosse impedido de atuar no inquérito sobre uma tentativa de golpe de
Estado.
Para o magistrado, o apelo dos advogados de Bolsonaro era
“deficiente”. Barroso alegou que, na petição, “não houve clara demonstração de
qualquer das causas justificadoras de impedimento”. E, em função disso, decidiu
arquivar a solicitação.
De acordo com a Agência Brasil, no documento, que foi protocolado
na semana passada, a defesa do ex-presidente argumentou que Alexandre de Moraes
não poderia ser interessado e, ao mesmo tempo, juiz do caso. Isto porque, o
ministro aparece no inquérito como alvo
dos supostos golpistas.
A Polícia Federal (PF) revelou que o magistrado era o principal
alvo de uma minuta de decreto de golpe de Estado. O documento ilícito previa a
prisão dele. Os advogados de Bolsonaro, então, alegaram que o mesmo não poderia
julgar o caso, por ser interessado no processo.
Além disso, os juristas também observaram que Moraes teria
autorizado medidas cautelares contra pessoas que, supostamente, lhe infligem
receio pessoal, “ou seja, assumiu, a um só tempo, a condição de vítima e de
julgador”, conforme a peça processual apresentada.
Barroso, no entanto, avaliou que o argumento era insuficiente.
Em sua decisão, o presidente da Suprema Corte, escreveu que “os fatos narrados
na petição inicial não caracterizam, minimamente, as situações legais que
impossibilitam o exercício da jurisdição pela autoridade arguida”.
Na noite de ontem, diz a Agência Brasil, Alexandre de Moraes também teria negado um pedido da
defesa de Bolsonaro para que o mesmo fosse autorizado a não
comparecer ao depoimento marcado, pela PF, para a tarde de amanhã (22).
No dia 8 de fevereiro, a corporação deflagrou a Operação Tempus Veritatis, que investiga uma
organização criminosa que teria atuado na tentativa de golpe de Estado e
abolição do Estado Democrático de Direito, perpetrada entre 2022 e 2023, com o
intuito de obter vantagem de natureza política, a partir da manutenção do então
presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder.
Segundo a Polícia Federal, o próprio ex-presidente e seus
auxiliares diretos, incluindo militares do alto escalão do antigo governo, estão
implicados no planejamento da tentativa de derrube ilegal da ordem
constitucional legítima, que viria a ser deflagrado após a derrota dele na
eleição de 2022.
Atos antidemocráticos – Ainda conforme a Agência
Brasil, paralelamente, Luís
Roberto Barroso também negou outros 191 pedidos de afastamento de Alexandre de Moraes
da relatoria dos inquéritos sobre o 8 de janeiro de 2022, data em que
apoiadores de Bolsonaro invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes da
República, na capital federal, Brasília.
Os pedidos foram apresentados, em separado, pelas defesas de
réus e investigados. O principal argumento é o de que o próprio Moraes já
admitiu, em entrevista, que era alvo prioritário dos golpistas. Isso, conforme
a defesa dos suspeitos, o tornaria interessado direto no caso, o que o
impediria de atuar também como juiz.
Assim como no pedido de Bolsonaro, o presidente do STF disse
que a argumentação é insuficiente. Barroso entendeu não haver, em nenhum dos
pedidos, mínima demonstração clara, objetiva e específica, do “interesse direto
no feito por parte do Ministro alegadamente impedido”.
O presidente da Suprema Corte, diz a Agência Brasil, negou cada pedido em específico, apresentando a mesma justificativa.