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Polícia do Haiti mata 4 suspeitos do assassinato do presidente Jovenel Moïse; outros 2 foram presos

08 de Julho de 2021 | 16h 40
Polícia do Haiti mata 4 suspeitos do assassinato do presidente Jovenel Moïse; outros 2 foram presos
Foto: Hector Retamal/AFP

Quatro suspeitos de participação no assassinato do presidente do Haiti, Jovenel Moïse, ocorrido, na madrugada desta quarta-feira (7), durante um atentado à residência privada do governante, localizada na capital Porto Príncipe, foram mortos em confronto com agentes da Polícia Nacional, ainda ontem. Outros dois indivíduos foram presos menos de 24 horas após o crime, conforme informou o diretor-geral da corporação, Léon Charles.

A morte do presidente agravou a crise política haitiana, já abalada pela fraude eleitoral que culminou no cancelamento das eleições, em 2015, pela permanência (considerada arbitrária pela oposição) de Moïse no poder e pela não realização de um novo pleito, no início de 2021.

De acordo com o Uol, o chefe da polícia local detalhou que uma operação foi iniciada logo após o ataque a tiros que vitimou o presidente. Ele disse, ainda, que "três policiais que haviam sido feitos reféns foram recuperados".

Não foram divulgadas informações sobre a motivação do crime. A identidade dos suspeitos tampouco foi revelada. Nesta quarta-feira, o primeiro-ministro interino do Haiti, Claude Joseph, afirmou se tratar de "estrangeiros que falavam inglês e espanhol".

A imprensa haitiana noticiou que o juiz encarregado do caso indicou que Moïse foi encontrado alvejado por 12 balas. Também que o escritório e o quarto do chefe de Estado foram saqueados.

O embaixador do Haiti nos Estados Unidos, Bocchit Edmond, afirmou que o grupo responsável pelo ataque a Moïse era integrado por mercenários, criminosos "profissionais" que atuam em troca de dinheiro ou de vantagens escusas. O chanceler disse, ainda, que os homens se fizeram passar por funcionários da agência antidrogas dos Estados Unidos.

De acordo com o Uol, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), que se reúne, nesta quinta-feira (8), para debater a situação no Haiti, exigiu que os responsáveis pelo assassinato "sejam rapidamente entregues à justiça".

Primeira-dama alvejada - O atentado que tirou a vida do presidente, deixando ferida também sua esposa, a primeira-dama Martine Moïse, atingida por um dos tiros, chocou o Haiti. Mas, apesar da gravidade da lesão, a mulher do falecido chefe de Governo encontra-se fora de perigo, segundo informou Claude Joseph.

Inicialmente, Martine foi tratada em um hospital local, mas logo foi transferida, de avião, para Miami, onde está sendo assistida, no hospital Jackson Memorial, conforme noticiou a imprensa norte-americana.

ESTADO DE SÍTIO - Considerado o mais pobre das Américas, com baixíssimo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o país coleciona um longo histórico de ditaduras e golpes de Estado. E, nos últimos meses, vinha enfrentando uma crescente crise política e humanitária, que culminou na escassez de alimentos e em episódios de violência nas ruas.

De acordo com o Uol, após a morte do líder haitiano, a situação se agravou ainda mais, deixando um clima de insegurança na atmosfera do país. Para tentar manter a estabilidade política, o primeiro-ministro declarou estado de sítio e anunciou que estava no comando do governo. Ele pediu calma à população e afirmou que a polícia e o Exército iriam garantir a segurança. Em discurso à nação, Joseph declarou que morte de Moïse "não ficará impune".

Pesa sobre um Haiti assolado por sucessivas crises políticas, econômicas e de segurança e, também, por reiterados desastres naturais (como o terremoto que matou 200 mil pessoas, em 2010; e o furacão Matthew, que ceifou a vida de mais de 500 haitianos, em 2016) uma nova ameaça de desestabilização. Segundo o Uol, os sequestros em busca de resgate aumentaram, nos últimos meses, refletindo ainda mais a crescente influência de gangues armadas no país caribenho.

Claude Joseph, diz o portal de notícias, seria substituído esta semana, após três meses no cargo. Na última segunda-feira (5), Jovenel Moïse nomeou o médico Ariel Henry como primeiro-ministro. Seria o sétimo a ocupar a vaga, em, apenas, quatro anos. O candidato ao cargo fez parte da força-tarefa contra o novo coronavírus e ocupou posições no governo, em 2015 e 2016, como ministro do Interior. Posteriormente, assumiu a pasta dos Assuntos Sociais e do Trabalho.

Ariel Henry também foi membro do gabinete do ministro da Saúde, de junho de 2006 a setembro de 2008, antes de se tornar chefe de gabinete, ocupando, ainda este cargo entre setembro de 2008 e outubro de 2011. Moïse o encarregou de "formar um governo de base ampla" para "resolver o problema flagrante da insegurança" e trabalhar para "a realização de eleições gerais e do referendo".

Henry é próximo da oposição, mas sua nomeação não foi bem recebida pela maioria dos partidos, que continuaram a exigir a renúncia do presidente, agora assassinado. Moïse, ex-empresário que estabeleceu diversos negócios no norte do país, região onde nasceu, irrompeu no cenário político em 2017, com a promessa de reconstruir o país. Ele vinha enfrentando forte resistência por parte de diversos setores que consideravam seu mandato ilegítimo. Para seus opositores, ele deveria ter deixado o cargo no dia 7 de fevereiro de 2021. No entanto, o presidente insistia que seu mandato duraria até a mesma data do ano que vem.

Conforme o Uol, a discordância decorre do fato de Moïse ter sido eleito em um pleito anulado por fraude. Um ano depois, ele ganhou as eleições novamente. Mas, sem um parlamento, a crise se agravou, especialmente a partir de 2020, levando Moïse a governar por decreto, o que alimentou a desconfiança da oposição.

O Departamento de Estado americano pediu a realização das eleições legislativas e presidenciais. O novo pleito foi marcado para acontecer em 26 de setembro de 2021, com um segundo turno agendado para 21 de novembro.

REPERCUSSÃO INTERNACIONAL - Após o assassinato do presidente se tornar um fato público, o governo da República Dominicana, única divisa terrestre com o Haiti, ordenou o "fechamento imediato" de sua fronteira.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, condenou o atentado a Moïse, classificando o episódio como um "ato hediondo". Em um comunicado, ele prestou condolências ao país e enviou seus "mais sinceros votos pela recuperação da primeira-dama".

Reino Unido, França, Espanha e diversos países da América Latina também expressaram forte condenação ao ataque. De acordo com o Uol, o chefe da diplomacia da União Europeia (EU), Josep Borrell, alertou para o risco de desestabilização e de uma espiral de violência no Haiti.

A Organização dos Estados Americanos (OEA), por sua vez, declarou apoio à democracia no Haiti. Também condenou, veementemente, o assassinato de Moïse, após uma sessão virtual extraordinária de seu Conselho Permanente.



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