Jair Bolsonaro (PL) reuniu apoiadores, na manhã deste domingo (16), na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, para pedir anistia aos condenados por invadir e destruir os prédios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF), em 8 de janeiro de 2023.
O próprio ex-presidente corre risco de ser condenado por
tentativa de golpe de Estado. Em seu discurso, ele disse que não fugirá do Brasil para
evitar uma eventual prisão ordenada pelo STF. “O que eles querem é
uma condenação. Se é 17 anos para as pessoas humildes, é para justificar 28
anos para mim. Não vou sair do Brasil”, afirmou o político, que teve o
passaporte apreendido pela Polícia Federal (PF), em fevereiro de 2024.
Inelegível, Bolsonaro também disse que não tem “obsessão pelo
poder”, mas tem “paixão pelo Brasil”. Considerando os desdobramentos do processo do qual é alvo, ele admitiu a possibilidade de não participar
da próxima eleição presidencial. “Estamos deixando muitas pessoas
capazes de me substituir”, alegou.
O político ainda se esquivou da acusação de tentativa de
golpe. Disse que, por estar nos Estados Unidos na ocasião, não poderia ter
participado de uma trama para impedir que Lula, que o derrotou nas eleições de
2022, assumisse a Presidência.
Bolsonaro é acusado pelos crimes de organização criminosa
armada, golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático
de Direito, dano qualificado agravado pelo emprego de violência e deterioração
de patrimônio tombado da União.
Hoje, os apoiadores do
ex-presidente ocuparam cerca de 300 metros da Avenida Atlântica, na Praia de
Copacabana, na altura do
Posto 4. O Monitor do Debate Político do Centro Brasileiro de Análise e
Planejamento (Cebrap) e a Organização Não Governamental (ONG) More in Common calcularam a presença de 18 mil pessoas.
Um software de inteligência artificial foi usado para fazer os
cálculos, a partir de fotos aéreas do público, no horário de pico do ato, ao meio-dia.
Projeto no Congresso – A manifestação reuniu lideranças de direita na orla na
Zona sul e teve por objetivo pressionar o Congresso Nacional a aprovar o Projeto
de Lei (PL) que anistia os
condenados do 08/01.
Diretamente interessado no perdão da pena, Bolsonaro enfatizou
que as pessoas que destruíram os prédios dos Três Poderes são inocentes. “Eu
jamais esperava um dia estar lutando por anistia de pessoas de bem, de pessoas
que não cometeram nenhum ato de maldade, que não tinham a intenção e nem poder
para fazer aquilo que estão sendo acusadas”, argumentou.
Em 8 de Janeiro de 2023, milhares de apoiadores de Jair
Bolsonaro romperam o cordão de isolamento da Esplanada dos Ministérios, em
Brasília, e quebraram janelas, destruíram cadeiras, computadores e obras de
arte e relíquias históricas nas sedes dos Três Poderes da República.
Também tentaram incendiar o interior do STF. Os vândalos só
deixaram a área ocupada após a chegada de tropas da Polícia Militar (PM) e do
Exército.
Governadores – O ato deste domingo contou com a participação de
quatro governadores: Cláudio Castro (RJ), Jorginho Mello (SC), Mauro Mendes
(MT) e Tarcísio de Freitas (SP). Este último também defendeu a anistia.
O governador de São Paulo disse que é correto que o PL seja
pautado e aprovado no Congresso Nacional, a fim de garantir a anistia às
pessoas. "Pode ter certeza que nós vamos conseguir os votos", afirmou.
Para Tarcísio de Freitas, é preciso avançar e partir para
outras discussões. "Para que a gente possa se dedicar aos temas nacionais,
para que a gente possa discutir a longevidade, o envelhecimento da população, o
financiamento do SUS”, frisou, apontando que o grande problema do país é a
inflação.
Movimentação – As pessoas mobilizadas para o evento organizado pelo
pastor Silas Malafaia, da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), exibiam
camisas e adesivos com saudosas alusões ao governo Bolsonaro: "a direita
está viva"; "com saudades do meu ex"; "anistia para os
patriotas"; "o Brasil é meu partido".
Dizeres críticos também foram direcionados ao atual governo
brasileiro, enquanto elogios estavam direcionados ao presidente dos Estados
Unidos, Donald Trump.
Pouco depois do meio-dia, após a fala de Bolsonaro, os
manifestantes começaram a se dispersar.
*Com informações da
Agência Brasil.