A Polícia Federal deflagrou, na
manhã desta quinta-feira (8), a Operação Tempus Veritatis, que investiga uma
organização criminosa que teria atuado na tentativa de golpe de Estado e
abolição do Estado Democrático de Direito, perpetrada entre 2022 e 2023, com o
intuito de obter vantagem de natureza política, a partir da manutenção do então
presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder.
Ao todo, estão sendo cumpridos 33 mandados de busca e
apreensão e quatro mandados de prisão preventiva, além de 48 medidas cautelares,
que incluem a proibição de manter contato com outros investigados; o impedimento
de se ausentar do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas; e a
suspensão do exercício de funções públicas.
Entre os alvos, estão o general
Walter Souza Braga Netto, militar da reserva do Exército Brasileiro e ex-candidato a
vice na chapa de Bolsonaro; o general Augusto Heleno Ribeiro Pereira, que
ocupou o Gabinete de Segurança Institucional; e Anderson Torres, ex-ministro da
Justiça do então presidente.
Valdemar Costa Neto, presidente do
Partido Liberal (PL), também está entre os investigados, além de mais dois ex-assessores
especiais de Jair Bolsonaro, o coronel Marcelo Câmara e Filipe Martins.
Essa é a primeira operação que a Polícia
Federal deflagra a partir das investigações acerca do 8 de Janeiro que tem militares
e ex-militares como alvos diretos. O Exército está acompanhando o cumprimento das
ordens judiciais, que são frutos da delação premiada de tenente-coronel Mauro César
Barbosa Cid, ex-ajudante
de ordens de Bolsonaro.
As medidas judiciais, expedidas pelo Supremo Tribunal Federal
(STF), estão sendo cumpridas nos seguintes estados: Amazonas, Rio de Janeiro,
São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná e
Goiás, além do Distrito Federal. O Exército Brasileiro acompanha o cumprimento
de alguns mandados.
Conforme a corporação, “as apurações apontam que o grupo
investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de
fraude nas eleições presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito,
de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de
milícia digital”.
A PF detalhou, ainda que “o primeiro eixo consistiu na
construção e propagação da versão de fraude nas eleições de 2022, por meio da
disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação,
discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os
resultados do segundo turno do pleito em 2022”.
Em relação ao segundo eixo de atuação do grupo, a corporação, informou que este consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, por meio de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais em “ambiente politicamente sensível”.
Por fim, a Polícia Federal destacou que os fatos investigados
configuram crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado
Democrático de Direito e golpe de Estado.