O reservatório de Santa Branca, no interior de São Paulo e que faz parte da Bacia do Rio Paraíba do Sul, chegou ao volume morto. É o segundo reservatório do sistema, que fornece água a mais de 15 milhões de pessoas no Rio, em São Paulo e Minas Gerais, a entrar na reserva técnica. A informação foi divulgada nesta segunda-feira pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O reservatório de Santa Branca era abastecido pelas águas do Paraibuna, o maior dos reservatórios do Paraíba e cuja reserva técnica começou a ser utilizada na última quinta-feira.
Com capacidade instalada de 56 megawatts, a hidrelétrica de Santa Branca é operada pela Light. A usina foi desligada no domingo. De acordo com o ONS, como o sistema de geração de energia é interligado, a geração de Santa Branca será compensada por outras hidrelétricas. Com operação diretamente coordenada à da represa de Paraibuna, o reservatório de Santa Branca tem volume morto estimado em 131 milhões de metros cúbicos. Essa parcela extra fica abaixo da linha de captação das turbinas da usina.
A Secretaria estadual do Ambiente descartou, em nota, a adoção de mudanças operacionais no sistema Guandu, uma transposição do Paraíba do Sul. O secretário André Corrêa voltou a ressaltar a importância de a população evitar desperdícios.
— Vivemos a maior crise hídrica dos últimos 84 anos. Continuo a pedir a colaboração de todos no uso racional da água.
CHUVAS INSUFICIENTES
Os dados divulgados pelo ONS indicam que em uma semana o reservatório de Jaguari, também em território paulista, deve entrar no volume morto. Nesta segunda-feira, o volume útil estava em 1,72%. As próximas chuvas, afirmam especialistas, serão incapazes de melhorar a situação a curto prazo.
— Os solos estão extremamente secos. Primeiro precisam estar saturados para que, então, a água flua para os reservatórios. O desmatamento no entorno das represas é outro complicador — observa o meteorologista da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) Isimar de Azevedo Santos.
Em situação alarmante também está o reservatório de Funil, em Itatiaia, no Sul Fluminense. Furnas informou que a represa está apenas 1,35 metro acima do nível mínimo de armazenamento, o que representa um volume útil de 3,75%, superando o menor nível histórico já registrado (3,92% , em agosto de 2001).
O governador Luiz Fernando Pezão autorizou, nesta segunda-feira, a liberação de mais R$ 23 milhões para enfrentamento dos efeitos da estiagem nas áreas rurais das regiões Norte e Noroeste. No total, o programa disponibilizará R$ 53 milhões. O anúncio foi feito em Italva, no Noroeste Fluminense, onde o governador lançou o plano de contingência de socorro para os rebanhos e de perfuração de poços artesianos para uso coletivo. As ações vão beneficiar 13 mil pequenos produtores. Pezão tem reunião sobre a crise hídrica com a presidente Dilma Rousseff na quarta-feira.