Pelo menos 22 pessoas morreram e 80 foram presas nesta terça-feira (28) durante uma megaoperação contra o Comando Vermelho (CV) nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A ação faz parte da Operação Contenção, iniciativa permanente do governo estadual para conter a expansão da facção criminosa na capital fluminense.
Durante a ofensiva, traficantes reagiram com tiros e incendiaram barricadas. Um vídeo gravado por moradores mostra quase 200 disparos em apenas um minuto. A Secretaria de Segurança Pública informou que cerca de 2,5 mil agentes participaram da operação, que tinha como objetivo cumprir 100 mandados de prisão.
Entre os mortos estão dois policiais civis: Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho, de 51 anos, lotado na 53ª Delegacia de Polícia (Mesquita), e Rodrigo Velloso Cabral, de 34 anos, da 39ª DP (Pavuna). Os outros 18 mortos seriam integrantes do tráfico, que entraram em confronto com as forças de segurança. Até o fim da tarde, havia relatos de mais feridos, e o número de vítimas ainda podia aumentar.
De acordo com o secretário de Segurança Pública, Victor Santos, a operação foi planejada exclusivamente pelo Estado e atingiu uma área onde vivem cerca de 280 mil pessoas. Criminosos reagiram com violência, lançando bombas com drones e fugindo em fila indiana por áreas de mata.
Entre os presos, estão Thiago do Nascimento Mendes, conhecido como Belão do Quitungo, apontado como um dos chefes do CV na região, e Nicolas Fernandes Soares, operador financeiro de Edgar Alves de Andrade, o Doca ou Urso, considerado um dos principais líderes da facção no Rio.
A ofensiva é fruto de um ano de investigação conduzida pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), com apoio do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).
Ao todo, 67 pessoas foram denunciadas por associação ao tráfico, incluindo líderes como Doca, e três por tortura. A denúncia detalha a estrutura hierárquica do Comando Vermelho na região, com funções específicas para gerentes financeiros, responsáveis pelo abastecimento e segurança armada, além de “soldados” que monitoram pontos de venda e executam ordens.
A operação contou com helicópteros, blindados, veículos de demolição e ambulâncias do Grupamento de Salvamento e Resgate. De acordo com o governo estadual, a ação representa mais uma etapa da estratégia de enfrentamento à expansão do CV no território fluminense.
A violência durante o confronto provocou o fechamento de 45 escolas e cinco unidades de saúde nas comunidades, além de desvios em linhas de ônibus que circulam pela região.