A democracia precisa se assegurar em vários elementos para manter sua sustentabilidade e sobrevivência, entre eles, um sistema de freios e contrapesos que permita a regulação e equilíbrio entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.
Todas as vezes que um deles abdica de sua função plena( como tem feito o Legislativo), isso resulta em um desequilíbrio nocivo ao cidadão. O mesmo acontece quando algum instrumento dá um poder inusitado e sem regulação a um dos componentes do trio como a militarização do Executivo, ou com o descomunal poder da decisão monocrática de ministros ou o “ pedido de vistas” sem prazo de retorno a julgamento, ficando a critério das conveniências do julgador, que acontece no STF.
Assim, decisões executivas, ou do Congresso, podem ser revogadas ou impostas, sem o consenso da decisão em plenário da Corte Suprema. Isso torna-se ainda mais violento e crucial quando observamos que os juristas da Corte não se portam exatamente pela liturgia do cargo e assumem posições nitidamente políticas ou de interesses diversos. O agigantamento individual é inversamente proporcional ao rebaixamento institucional e toda vez que o indivíduo torna-se maior que a instituição, a liberdade, o bom, o moral, o justo, saem perdendo.
É urgente que o Congresso regulamente essas duas funções da Suprema Corte para que o esfacelamento do Colegiado seja revertido e deixemos de ter o poder imperial e absolutista que foi concedido- por omissão- aos seus ocupantes. A democracia não pode se sujeitar ao autoritarismo individual de nenhum ocupante do poder, seja ele qual for.
Em uma pandemia que se estende além do previsto, que vence as mais conceituadas previsões, ou as mais obscuras, como as proferidas pelo desorientado e maldoso ex-ministro Osmar Terra, as vacinas se tornaram a esperança mais real e consistente. A "imunidade de rebanho" defendida pelo presidente Bolsonaro, entre outros, não se mostra uma possibilidade real, visto que as mutações driblam essa forma de proteção como dolorosamente mostraram a Suécia e Manaus. A teoria eugenista em sua essência, pois, espera que apenas os aptos sobrevivam, contraria o que fez nossa civilização que é exatamente a proteção dos mais fracos.
Desse modo, passou a existir uma grande expectativa sobre os resultados das vacinas. E eles começam a aparecer. Em Israel, país que mais vacinou, dados do Ministério da Saúde, que coletei, mostram que houve queda importante no número de casos novos e gravidade das doenças, levando ao esvaziamento de unidades hospitalares. Nos EUA, cuja vacinação está bem adiantada, ainda existe um longo caminho, afinal, ainda faltam 200 milhões de pessoas a serevem vacinadas. Aqui no Brasil as primeiras observações e trabalhos científicos começam a mostrar queda na ocorrência de casos entre profissionais de saúde ( os primeiros vacinados). Dados de São Paulo, Bahia, e Fortaleza, mostram de forma clara essa queda, sugerindo que a vacina tem mesmo um papel protetor.
O grande problema, ao que parece, é a velocidade da vacinação, pois, quanto mais demorada mais chance o vírus tem de produzir uma cepa mais resistente, mais contagiosa, e que escape às vacinas, por isso a corrida contra o tempo. Nosso atraso em aderir ao mercado de compra de vacinas vai cobrar o seu preço.
Nestes tempos de tantas mortes, as vacinas começam a dar sinais de vida.
Perfil de pacientes internados no HGCA para tratamento de Covid-19 tem mudança e pacientes mais jovens já são maioria se compararmos levantamentos feitos nos dias 8 e 30 de março. Pacientes abaixo de 60 anos já são 54,9% dos internados contra 42% no início do mês, um aumento de 12,9%. Já entre os maiores de 60 anos houve uma queda de 58% para 52,6%. Quando analisamos os pacientes abaixo de 40 anos vemos que esse grupo aumentou de 4% para 15,4% um aumento de 11,4% .
No grupo de pacientes maiores de 60 anos mesmo havendo redução do percentual de 58% para 52,6% houve mudança na distribuição etária com redução entre aqueles entre 60 a 70 anos ( de 42% para 13,7%) e aumento entre aqueles de 70 a 80 anos ( de 12% para 22,4%) e 80 a 90 anos ( de 2% para 8,6%).
Enfim, de modo geral parece que a doença está tendo um comportamento bimodal, afetando as pessoas mais jovens de modo mais significativo e os muitos idosos. É importante ressaltar que o HGCA atende pacientes de vários municípios e não só de Feira de Santana. Em períodos mais adiante voltaremos a analisar esses dados, comparando sua evolução.
IDADE |
08/3 |
30/3 |
08/3 |
30/3 |
>90a |
01 |
00 |
02% |
0% |
80-90 |
01 |
05 |
02% |
8,60% |
70-80 |
06 |
13 |
12% |
22,4% |
60-70 |
21 |
08 |
42% |
13,7% |
50-60 |
09 |
12 |
18% |
20,6% |
40-50 |
10 |
11 |
20% |
18,9% |
30-40 |
01 |
07 |
02% |
12,0% |
20-30 |
01 |
02 |
02% |
3,40% |
IDADE |
08/03 |
30/03 |
< 40 ANOS |
4% |
15,4% |
<60 ANOS |
42% |
54,9% |
>60 ANOS |
58% |
52,6% |