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Segurança

Taxa de homicídios cai, mas violência matou 45,7 mil pessoas, no Brasil, em 2023

12 de Maio de 2025 | 12h 52
Taxa de homicídios cai, mas violência matou 45,7 mil pessoas, no Brasil, em 2023
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Em 2023, no Brasil, a violência matou 45.747 pessoas, o que equivale a uma média de 125 mortes por dia. O número, entretanto, registra uma pequena redução em relação ao ano anterior, quando foram contabilizadas 46.409 mortes violentas.

O dado integra o Atlas da Violência 2025, divulgado, nesta segunda-feira (12), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão vinculado ao Governo Federal, e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), organização sem fins lucrativos.

O estudo faz comparativos desde 2013, quando o número de mortes chegou a 57.396. O panorama revela que, desde então, houve uma redução de 20,3% na quantidade de homicídios.

Segundo a pesquisa, o ano com mais incidência de homicídios foi 2017, quando 65.602 ocorrências foram registradas. O menor foi 2019, com 45.503 mortes violentas. Na comparação com o ano que registrou mais casos, a queda, em 2023, é de, aproximadamente, 30%.

Para compor o Atlas da Violência, dados são coletados de fontes oficiais, como é o caso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), órgão responsável pela contagem da população; do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), estes ligados ao Ministério da Saúde (MS).

Taxa de homicídio – Como, ao longo dos últimos anos, a população brasileira aumentou, uma das formas de verificação de como se comporta a proporção de homicídios no país é por meio da taxa de homicídios registrados por 100 mil habitantes. 

Tal indicador revela que, em 2023, foram 21,2 homicídios por 100 mil habitantes. Esta é a menor taxa já registrada no estudo, que é coordenado pelo pesquisador Daniel Cerqueira, do Ipea, e pela diretora executiva do FBSP, Samira Bueno.

Motivos para a queda – Apesar de o estudo trazer comparações a partir de 2013, o pesquisador Daniel Cerqueira afirmou, em entrevista à Agência Brasil, que a redução da taxa de homicídios vai além desse período. “Apesar do número exorbitante de mortes, trata-se da menor taxa de homicídios que o Brasil atingiu nos últimos 31 anos”, observou.

Segundo o estudioso, a tendência decrescente é explicada por dois fatores principais. Um deles é o envelhecimento da população, uma vez que jovens são mais associados à violência. “O que nós sabemos das evidências científicas é que um ator importante, seja como vítima, seja como o perpetrador nesse drama da violência, é o jovem. Quando a população envelhece, isso provoca uma maré a favor de redução de homicídios”, avaliou.

Revolução invisível – O outro fator seria uma espécie de “revolução invisível”, que, segundo Cerqueira, pode ser explicada por uma mudança nas políticas públicas de segurança, em que a atuação das polícias conta com maior qualificação e inteligência.

O pesquisador aponta que tem havido uma troca da “segurança pública baseada, simplesmente, no policiamento ostensivo para uma política baseada em planejamento, em dados, em ciência”.

Na avaliação dele, a qualificação do trabalho policial permite identificar e prender os criminosos, o que revela a priorização de “uma polícia inteligente, em vez da polícia da brutalidade”.

O coordenador do estudo destaca, ainda, que há “políticas multissetoriais de prevenção social para disputar cada jovem naquelas favelas, disputar com o crime organizado e desorganizado”.

Estados – O Atlas da Violência 2025 traz, também, dados por Unidades da Federação (UF). Em 2023, 20 estados apresentaram taxa de homicídio por 100 mil habitantes superior à média nacional, com destaque negativo para o Amapá (57,4), a Bahia (43,9) e Pernambuco (38). Das sete Unidades Federativas abaixo da média nacional, as menores taxas foram registradas em São Paulo (6,4), Santa Catarina (8,8) e Distrito Federal (11).

O documento ressalta que, “há pelo menos oito anos, nada menos que 11 estados têm conseguido reduzir sistematicamente a taxa de homicídios”. São eles: Pará (PA), Rio Grande do Norte (RN), Rio Grande do Sul (RS), Santa Catarina (SC), Sergipe (SE), Distrito Federal (DF), Espírito Santo (ES), Goiás (GO), Minas Gerais (MG), Paraíba (PB) e São Paulo (SP).

No outro extremo, o levantamento mostra que, nos últimos 11 anos, o aumento das mortes no Amapá foi de 88,2%.

Armas de fogo – A edição 2025 do Atlas da Violência também revela que 32.749 homicídios foram cometidos por arma de fogo, no país. Em 2017, ano mais violento, esse número chegou a 49 mil.

O dado de 2023 equivale a 15,2 mortes por arma de fogo a cada 100 mil habitantes. Representa, ainda, que 71,6% das mortes violentas no país foram praticados com esse tipo de armamento.

Amapá (48,3), Bahia (36,6) e Pernambuco (30,8) são os estados com as maiores taxas. Por outro lado, São Paulo (3,4), Santa Catarina (4,4), Distrito Federal (5,3) e Minas Gerais (8,3) se destacam positivamente.

O relatório aponta fragilidades na fiscalização de armas no Brasil e afirma que, “quanto maior a circulação e a prevalência de armas de fogo, maior tende a ser a taxa de homicídios”.

Homicídios ocultos – Além disso, os pesquisadores do Ipea e do FBSP falam em “homicídios ocultos”, que se enquadram nos casos de violência que não foram adequadamente identificados pelos sistemas oficiais.

Por meio de modelos matemáticos, os estudiosos chegaram a uma taxa estimada de homicídios. “No período compreendido entre 2013 e 2023, identificamos a ocorrência de 51.608 homicídios ocultos no Brasil, que passaram ao largo das estatísticas oficiais de violência no país, uma média anual de 4.692 homicídios que deixaram de ser contabilizados”, diz o Atlas da Violência.

Com o acréscimo desses dados, a taxa estimada de homicídios no país chega a 23 casos por 100 mil habitantes. Assim como a taxa de casos efetivamente registrados, trata-se, também, da menor desde 2013. O ponto mais alto ocorreu em 2017, com 33,6 casos por 100 mil habitantes. Em 2022, o indicador marcou 24,5.

Segundo o Atlas da Violência, a inclusão dos homicídios ocultos provoca mudanças significativas nos indicadores dos estados. São Paulo é o caso mais extremo: em 2023, o estado deixou de registrar 2.277 homicídios.

Dessa forma, enquanto a taxa de homicídios registrados era de 6,4 para cada 100 mil habitantes, a estimada, naquele, ano era de 11,2. “Com isso, o estado de São Paulo deixa de ser a UF menos violenta da nação, passando para a segunda posição, atrás de Santa Catarina”, frisa o documento, revelando que este tem 9 homicídios estimados por 100 mil habitantes.

 

 

 

*Com informações da Agência Brasil.



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