Policiais, rifeiros e influenciadores estão entre os denunciados
O Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) remeteu à Justiça, nesta sexta-feira (9), a denúncia de 37 envolvidos na exploração de rifas ilegais. Entre os investigados, estão o policial militar Lázaro Andrade, mais conhecido como Alexandre Tchaca; o rifeiro José Roberto Nascimento, que atende pela alcunha de Nanan; e os influenciadores digitais Franklin Reis e Ramhon Dias.
Os acusados foram denunciados pelos crimes de formação de quadrilha,
lavagem de dinheiro e promoção de jogos de azar, que são proibidos pela
legislação brasileira.
O órgão divulgou o
teor da denúncia na mesma semana em que alguns suspeitos tiveram suas prisões substituídas por medidas cautelares.
Os envolvidos foram detidos no dia 9 de abril, ocasião em que a Polícia Civil
da Bahia (PCBA) deflagrou a Operação
Falsas Promessas 2, na
Região Metropolitana de Salvador (RMS).
Segundo o inquérito, a organização criminosa se valia das redes
sociais para divulgar rifas de alto valor. Os resultados eram manipulados, a
fim de beneficiar os próprios integrantes.
Os crimes, conforme a PCBA, eram
praticados por múltiplos núcleos organizados, que agiam de forma
interconectada. Os chefes do grupo
foram identificados como José Roberto Nascimento dos Santos, dono do
perfil "Nanan premiações", onde as rifas eram divulgas; Ramhon Dias de Jesus Vaz, também influenciador
digital; e Josemário Aparecido
Santos Lins.
Além deles, o influenciador Franklin Reis e o policial denominado
Tchaca aparecem na denúncia do Ministério Público. Gabriela da Silva Vale,
esposa de Nanan, também foi denunciada.
O ESQUEMA – Segundo a PCBA, o grupo, que tinha forte presença na
capital baiana, na RMS, em São Felipe, Vera Cruz, Juazeiro e Nazaré, operava
por meio de uma estrutura sofisticada de transações financeiras.
Empresas de fachada e laranjas, ou seja, pessoas contratadas
para dar aparência de legalidade a golpes, eram utilizados para disfarçar a
origem dos valores obtidos indevidamente.
Policiais militares da ativa e ex-agentes da PMBA integram o
esquema fraudulento como “seguranças”, ou seja, oferecendo proteção, fornecendo
informações privilegiadas e, em alguns casos, atuando, diretamente, como
operadores das rifas fraudulentas.
A organização criminosa divulgava rifas de centavos, nas
redes sociais, ao tempo em que ofertavam prêmios de alto valor, como veículos
de luxo. Com isso, conseguiam atrair um grande número de participantes.
No entanto, como os sorteios clandestinos eram manipulados,
os prêmios, frequentemente, acabavam sendo entregues aos membros da própria quadrilha.
Assim sendo, legitimavam o esquema criminoso e ampliavam os lucros.
A Polícia Civil descobriu que o grupo movimentou R$ 680
milhões. Durante a Operação Falsas
Promessas 2, foram apreendidos veículos de luxo, relógios, dinheiro,
celulares e notebooks.
A Justiça baiana autorizou o sequestro de até R$ 10 milhões
por CPF ou CNPJ investigado, somando um bloqueio total de mais de R$ 600
milhões em bens e valores.
Após um mês de detenção, as prisões do policial Alexandre
Tchaca e do influenciador Franklin Reis foram relaxadas, o que permitiu que
eles fossem liberados da carceragem e passassem a prisão domiciliar, mediante
uso de tornozeleira eletrônica.