Morreu, nesta terça-feira (28), no Rio de Janeiro, aos 87 anos, escritora Marina Colasanti. A causa do óbito não foi divulgada pela família. No entanto, ela já vinha debilitada, em função de problemas de saúde.
O corpo da escritora será velado no salão nobre da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, na Zona Sul da capital fluminense, na manhã desta quarta-feira (29), em cerimônia restrita a parentes e amigos.
Marina Colasanti, que também era também jornalista e tradutora, era casada com o poeta mineiro Affonso Romano de Sant'Anna, com quem teve duas filhas. Ela deixa um vasto legado literário, com mais de 70 livros publicados, tanto para o público adulto quanto para o infantojuvenil.
Ao longo de sua carreira, recebeu diversas honrarias, por suas
produções literárias, incluindo o cobiçado Prêmio Machado de Assis, em 2023.
Com isso, tornou-se a décima mulher a conquistar uma das mais importantes premiações
literárias do território nacional, concedida pela Academia Brasileira de Letras
(ABL). O reconhecimento foi feito em reverência ao conjunto de sua obra, que é considerada
vasta, atemporal e inesquecível.
Em 2024, Marina foi homenageada, como personalidade literária,
pelo Prêmio Jabuti, a mais tradicional premiação literária do Brasil, concedida
pela Câmara Brasileira do Livro (CBL).
A escritora publicou seu primeiro livro, intitulado Eu
Sozinha, em 1968. E lançou sua última obra, Tudo Tem Princípio e Fim,
em 2017.
Marco Luchesi, presidente da Fundação Biblioteca Nacional, ressaltou
o caráter variado e "de altitude" da obra de Marina Colasanti.
"Foi mestra em todos os campos: no diálogo com a gravura, com a pintura, a
poesia, o romance, a literatura infantil, as narrativas breves e as artes
plásticas. O Brasil e a Itália perdem um de seus maiores nomes. E eu perco,
certamente, uma das grandes e queridas amigas, no âmbito da literatura, e não
apenas. Devo a Marina muitos passos que tomei, inspirações e partilhas
culturais, poéticas”, declarou.
A CBL divulgou uma nota de pesar, solidarizando-se com a
família, os amigos e os leitores de Marina. No documento, a instituição
a define como "uma das maiores referências da literatura
brasileira".
O documento lembra, ainda, que a escritora recebeu nove
estatuetas do Prêmio Jabuti. Isto, conforme a Câmara Brasileira do Livro,
evidencia "sua grande contribuição para a cultura e a literatura
nacional" e celebra sua vida e obra, "que são um presente eterno para
a cultura brasileira e mundial".
BIOGRAFIA – Nascida na cidade de Asmara, então
capital da Eritreia, país localizado em uma região conhecida como Chifre da África,
a escritora também viveu na Líbia e na Itália, antes de imigrar, com a família,
na década de 1940, para o Brasil.
Marina Colasanti veio de uma família de escritores e artistas.
Ela estudou na Escola Nacional de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ). Além de escrever, também ilustrou muitas de suas obras.
Como jornalista, atuou no Jornal do Brasil e
na Editora Abril e continuou colaborando, como colunista e cronista, para
diversos veículos, ao longo de sua vida. Também apresentou programas na extinta
TVE e traduziu diversas obras italianas para a Língua Portuguesa.
Marina Colasanti se autodeclarava feminista e foi uma das
integrantes do primeiro Conselho Nacional dos Direitos da Mulher. Muitos de
seus livros refletem sobre o lugar da mulher na sociedade, trazendo protagonistas
femininas.
Em 2019, durante entrevista ao programa Trilha de
Letras, da TV Brasil, ela
falou sobre a paixão pelos livros, nascida ainda na infância. "Os livros
foram o meu colete salva-vidas. Lemos muito! Em situações, às vezes, adversas,
complicadas... E os livros eram uma farra! Companheiros de brinquedo, eram
nossa fonte mais rica de imaginário", descreveu.
A escritora dizia preferir não se definir com apenas um
estilo literário. "Eu sou prosa e verso, na mesma medida. Isso atravessa o
olhar. Você tem um olhar poético ou não tem um olhar poético. É a maneira de
aproximar-se do mundo. E eu acho que eu tenho os dois", ponderou.
*Com informações da Agência
Brasil e do g1.