Nascida Santana dos Olhos D’Água- nome, aliás, que nunca
deveria ter sido mudado- Feira está sobre um lençol freático demonstrando pelas
mais de 60 lagoas de sua origem. A maioria delas está aterrada pela especulação
imobiliária e inércia do poder público,
mas uma parte delas resiste. Todo mundo em Feira é testemunha que
qualquer escavação resulta em drenagem
de água e que em período de chuvas os alagamentos se tornam uma rotina perigosa
e destrutiva na cidade. As inundações urbanas são um problema que ocorre em todo
mundo especialmente pela impermeabilização do solo pela cobertura asfáltica que
impede a drenagem das águas e resultam em perdas materiais e de vida.
Há inúmeras tentativas de enfrentamento para esse problema.
A mais recente vem de um arquiteto chinês chamado Kongjian Yu, que desenvolveu
o modelo que prevê a absorção dos temporais, através do que ficou conhecido
como “cidade-esponja”. As cidades-esponja são áreas urbanas projetadas para
absorver, armazenar e reutilizar a água da chuva de maneira eficiente. Desse
ponto de vista as lagoas remanescentes em Feira devem ser preservadas a
qualquer custo, pois elas são um espaço natural de absorção das águas das
chuvas evitando o sofrimento e caos urbano que são gerados pelas enchentes.
A preservação não pode ficar restrita à lagoa Grande, ainda
que eternamente inconclusa ou a lagoa Salgada que Ronaldo prometeu preservar
com um parque. A demais lagoas precisam fazer parte de um plano de intervenção
continua do poder municipal e estadual e dos órgãos de preservação ambiental
que precisam deixar a passividade e figuração decorativa para agirem de forma
eficiente na preservação desses espaços de segurança ambiental.