O Supremo Tribunal Federal (STF) formou, nesta sexta-feira
(17), maioria de votos para proibir revistas íntimas vexatórias nos presídios
para evitar a entrada de drogas, armas e celulares.
Apesar do placar de 6 votos a 4, o julgamento foi suspenso,
em função de um pedido de destaque feito pelo ministro Alexandre de Moraes. Assim,
o julgamento virtual sobre o caso será retomado no plenário físico da Suprema Corte,
em data ainda a ser definida.
O julgamento começou em 2016 e já foi suspenso outras vezes,
por diversos pedidos de vista. O caso voltou à tona, hoje, a partir do voto do
ministro Cristiano Zanin, que também interrompeu o julgamento, no último mês de
maio, com um pedido de mais tempo para analisar o processo.
Em sua apreciação, Zanin acompanhou o relator, ministro Edson
Fachin, para vedar as revistas vexatórias. Em seguida, a análise do caso foi
suspensa novamente.
A Corte julga um recurso do Ministério Público (MP) para
reverter a absolvição de uma mulher flagrada tentando entrar em um presídio de
Porto Alegre com 96 gramas de maconha, que estavam enrolados em um preservativo
e acondicionados em sua vagina.
Na primeira instância, ela foi condenada, mas a Defensoria
Pública (DP) recorreu ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), que a
absolveu, por entender que o procedimento de revista íntima foi ilegal.
Votos – Em 2020, o ministro Edson Fachin votou pela ilegalidade da busca íntima.
Na ocasião, o magistrado entendeu que os funcionários das penitenciárias não
podem fazer busca abusiva nos corpos de amigos e familiares dos presos,
justificando que isso se trata de violação da intimidade.
O relator sugeriu, então, a adoção de procedimentos menos
invasivos, como uso de scanners corporais, raquetes de raio-x
ou revista corporal superficial, evitando que os visitantes sejam obrigados a
retirar a roupa ou terem suas partes íntimas inspecionadas.
O entendimento foi seguido pelos ministros Luís Roberto
Barroso, Gilmar Mendes, Cármen Lúcia e Rosa Weber, esta última já aposentada. Em
seguida, Alexandre de Moraes abriu divergência e votou a favor da revista.
Para Moraes, de fato, há um grande número de casos de
revistas íntimas vexatórias. No entanto, ele entende que a revista íntima não
pode ser sempre definida como degradante, de forma automática e sem análise
caso a caso, sob pena de colocar em risco a segurança dos presídios. O voto dele
foi seguido pelos ministros Dias Toffoli, Nunes Marques e André Mendonça.
*Com informações da Agência Brasil.