Nenhuma
mulher figura nas chapas para as eleições majoritárias aqui na Feira de Santana
em 2024. Nota-se, também, que pouco se fala delas nos programas eleitorais. Mesmo
assim, as mulheres constituem a maior parte do eleitorado feirense (55%), de
acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral. Por outro lado estão, também,
incluídas entre os segmentos da população que mais demandam atenção dos
governos.
É
o caso da população beneficiária do maior programa de distribuição de renda do
País, o Bolsa Família (PBF). Dados do Ministério do Desenvolvimento Social
indicam que, na Princesa do Sertão, há 120 mil beneficiárias entre elas. Os
homens, por sua vez, eram 73,9 mil de um total de 193,9 mil pessoas. Os dados
são de julho de 2024.
O
recorte por faixa etária mostra que elas são 21,7 mil entre 7 e 15 anos. Eles,
22,3 mil, ligeira maioria. O problema é que, à medida que as faixas etárias
avançam, os homens tornam-se menos dependentes do programa. Elas também, mas
essa redução se dá numa proporção menor. No recorte de 25 a 34 anos, por
exemplo, os homens são apenas 5,2 mil e as mulheres impressionantes 20,1 mil.
O
equilíbrio só se restabelece na faixa acima de 65 anos. Entre elas há apenas
403 beneficiárias e, entre eles, 406. A redução drástica explica-se pela
existência de outros benefícios sociais para esta faixa etária, como o
Benefício de Prestação Continuada (BPC) ou a própria previdência social. Nas
demais faixas etárias elas são sempre maioria.
Tudo
bem que, preferencialmente, a titularidade do benefício pertence à mulher no
núcleo familiar, conforme as regras do PBF. Mas há também a questão que as
mulheres assumem muito mais a condição de únicas chefes de família em
comparação aos homens.
Também
enfrentam mais obstáculos para ingressar no mercado de trabalho, o que não se
verifica na mesma magnitude entre os homens. Em suma, estão mais expostas às
vulnerabilidades social e econômica.
Robustecido,
o Bolsa Família vem contribuindo de maneira marcante para a dinamização da
economia em periferias e pequenos municípios e reduzindo a pobreza que vinha
crescendo de maneira alarmante no Brasil durante o desgoverno daquilo que
chamavam de “mito”. A iniciativa é bem-vinda, mas insuficiente para assegurar
crescimento econômico sustentável.
Pontualmente,
os municípios têm um papel a desempenhar em relação à questão. Em artigo
anterior mencionamos a necessidade de mais creches e mais vagas em creches, o
que libera as mulheres para trabalhar. Mas as medidas – em nível municipal –
podem ir além. Só que é necessário conhecer a realidade e propor soluções criativas,
o que não se nota por aqui.
Não,
município nenhum vai resolver, sozinho, a grave questão do desemprego, do
subemprego e do trabalho precário enfrentados pelas mulheres. Mas a disposição
para enfrentar a questão e o conhecimento podem ajudar a, pelo menos, mitigar o
problema, oferecendo iniciativas pontuais a segmentos da população mais
fragilizados.