O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC)
decide, nesta quarta-feira (18), se mantém ou eleva a taxa básica de juros, a
Selic.
Há possibilidade de divisão entre os membros, de acordo com a Agência Brasil. A recente alta do dólar e o impacto da seca sobre o preço da energia e dos alimentos trouxeram a indefinição. Caso opte pelo aumento, esta será a primeira vez, em mais de dois anos, que o colegiado subirá os juros básicos.
Em reunião realizada no final de julho, o Copom informou que
o cenário econômico, dentro e fora do Brasil, exige cautela. Conforme a edição
mais recente do boletim Focus, pesquisa semanal com analistas de mercado, na reunião
de hoje, a taxa básica deve subir
0,25 ponto percentual e encerrar 2024 em 11,25% ao ano.
Ao fim do dia, o Copom anunciará a decisão. De acordo com a
Ag~encia Brasil, a última alta dos juros ocorreu em agosto de 2022, quando a
taxa subiu de 13,25% para 13,75% ao ano. Após passar um ano nesse nível, a taxa
teve seis cortes de 0,5 ponto e um corte de 0,25 ponto, entre agosto do ano
passado e maio deste ano. Nas reuniões, de junho e julho, o Copom decidiu
manter a taxa em 10,5% ao ano, no menor nível desde fevereiro de 2022.
Inflação – Na ata da reunião anterior, o Copom informou que avaliava uma elevação nos juros por
causa da valorização do dólar e do aumento dos gastos públicos. Os membros do
colegiado declararam que o momento é, ainda, “de maior cautela e de
acompanhamento diligente dos condicionantes da inflação”.
De acordo com o último boletim Focus, a estimativa de
inflação para 2024 subiu de 4,22%, há quatro semanas, para 4,35%. Isso representa
inflação cada vez mais próxima do teto da meta estabelecida pelo Conselho
Monetário Nacional (CMN), de 3% para este ano, podendo chegar a 4,5% por causa
do intervalo de tolerância de 1,5 ponto.
No último mês de agosto, o Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial, ficou negativo em 0,02%, a primeira
deflação desde junho de 2023. O alívio, entretanto, é temporário.
A inflação ficou negativa em agosto em função da queda dos
preços de energia, que voltarão a subir a
partir de setembro, por causa da bandeira tarifária vermelha. Além
disso, diz a Agência Brasil, na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando
Haddad, admitiu que a seca
prolongada afetará o preço dos alimentos. Na ocasião, o gestor defendeu
que o choque de oferta de alimentos não seja resolvido por meio de juros.
Na avaliação do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), nos últimos meses, os alimentos e os serviços têm puxado a
inflação. Com o resultado, o IPCA acumula alta de 4,24% em 12 meses, dentro da
meta para 2024, mas próximo do teto.
Taxa Selic – A taxa básica de juros é usada nas negociações de
títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de
Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da
economia.
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para
manter a inflação sob controle. O BC atua, diariamente, por meio de operações
de mercado aberto – comprando e vendendo títulos públicos federais –, a fim de manter
a taxa de juros próxima do valor definido na reunião.
Ao aumentar a taxa básica de juros, o Copom visa conter a
demanda aquecida. Isto causa reflexos nos preços, porque juros mais altos
encarecem o crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas também
podem dificultar a expansão da economia. Mas, além da Selic, os bancos
consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos
consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas.
Ao reduzir a Selic, a tendência é de que o crédito fique mais
barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação
e estimulando a atividade econômica.
O Copom reúne-se a cada 45 dias. No primeiro dia do encontro,
são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas das
economias brasileira e mundial e o comportamento do mercado financeiro. No
segundo dia, os membros do Copom, formado pela diretoria do BC, analisam as
possibilidades e definem a Selic.
Meta – Para este ano, segundo a Agência Brasil, a meta de
inflação que deve ser perseguida pelo BC, definida pelo Conselho Monetário
Nacional, é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para
cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior é 4,5%. Para
2025 e 2026, as metas também são de 3% para os dois anos, com o mesmo intervalo
de tolerância.
No último Relatório de Inflação, divulgado no fim de junho
pelo Banco Central, a autoridade monetária manteve a previsão de que o IPCA termine 2024 em 4%, mas a
estimativa foi divulgada antes da alta do dólar e do impacto da seca
prolongada. O próximo relatório será divulgado no fim de setembro.