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André Pomponet

A procissão de viajantes que a Feira abriga

André Pomponet - 09 de Setembro de 2024 | 21h 02
A procissão de viajantes que a Feira abriga

Coisa de se admirar no centro da Feira de Santana é a procissão de viajantes que visita a cidade às segundas-feiras. Durante toda a semana o afluxo é grande, é verdade, mas a segunda-feira é especial. Não apenas pelo movimento mais intenso no Centro de Abastecimento e no entorno, mas porque o dia, em si, é impregnado de uma densidade simbólica, consolidada desde os tempos da antiga feira-livre no centro da cidade.

Quantas pessoas visitam o município às segundas-feiras, ao longo da semana? É difícil dizer. Nunca ouvi falar de nenhum levantamento do gênero. Seria bom fazê-lo. Mas é necessário fazê-lo buscando resposta para uma pergunta: o que os viajantes vêm buscar aqui na Feira de Santana, que tipo de serviços eles demandam? A pergunta é fundamental, ponto de partida para uma pesquisa criteriosa.

Comércio e alguns serviços justificam o fluxo maior às segundas-feiras. O dia ocupa lugar especial no imaginário dos sertanejos. As manhãs também são especiais: a cultura rural valoriza a manhã, nela se concentra boa parte das atividades produtivas. Isso – talvez – ajude a explicar o fluxo mais intenso na manhã de segunda-feira, mais gente na rua e comércio mais agitado.

Mas, conforme se disse, o movimento se estende pelos demais dias da semana também, embora com menos intensidade. São comuns os deslocamentos em busca de atendimento especializado em saúde, por exemplo. Estes se diluem por toda a semana.

Pacientes lotam clínicas, hospitais e consultórios, misturando-se à população feirense. Percebe-se que costumam chegar no começo da manhã e, no início da tarde, muitos estão de partida, embarcando em vans e veículos diversos de passeio.

Também é significativa a demanda por educação, que também se dilui por toda a semana. A Feira de Santana abriga duas universidades públicas – a Uefs e um campus da UFRB, - além de diversas faculdades particulares. O fluxo estudantil, a propósito, se verifica até mesmo à noite. Mas é mais corriqueiro durante o dia, não é difícil enxergar veículos padronizados de prefeituras das cercanias.

Há também fluxo contínuo daqueles que deixam suas cidades para trabalhar na Princesa do Sertão. Alguns passam a semana, mas há os que se aventuram em cansativos bate-e-volta. Normalmente, residem em municípios próximos e são atraídos pelas oportunidades de emprego.

A partir do início da tarde, é intenso o fluxo de veículos de transporte intermunicipal nas principais saídas da cidade. BR 324, BR 116 Norte e Sul, rodovias estaduais como a BA-502 (Feira-São Gonçalo) ou a BA-504 (Feira-Irará e Santanópolis) ganham vida com cobradores e motoristas apregoando os destinos do entorno.

Vale a reiteração da pergunta: quantos viajantes de municípios próximos visitam a Feira de Santana? A partir desta indagação – repita-se – desdobram-se muitas outras. Inclusive aquelas que se referem à qualidade do transporte ofertado a estes visitantes. Quem aprecia a procissão de viajantes, o vir-e-ir incessante, não deixa de constatar também como os serviços são precários...



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