De janeiro a agosto deste ano, a quantidade de relatórios enviados à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) pela empresa de monitoramento de apostas SportRadar com indícios de manipulação caiu 70% em comparação com o mesmo período de 2023. A informação foi fornecida por Eduardo Gussem, oficial de integridade da confederação.
Segundo Gussem, que anteriormente foi procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, a CBF não recebeu nenhum relatório com alertas da SportRadar desde abril. Esses dados foram revelados durante um seminário sobre combate à manipulação de apostas, promovido pela Fundação Getúlio Vargas em parceria com a Fifa e o Centro Integrado de Estudos do Esporte (Cies), realizado no sábado (31).
Em entrevista à coluna de Guilherme Amado, do portal Metrópoles, Gussem criticou a forma como a SportRadar, contratada pela CBF, divulgou os dados dos relatórios referentes às partidas de 2022 e 2023. Segundo ele, a empresa afirmou que o Brasil foi o país com mais casos de manipulação, mas não ofereceu o devido contexto, o que resultou na criação de duas CPIs, uma na Câmara e outra no Senado, sobre o tema.
“Falar de forma absoluta que o Brasil, que é um país de dimensões continentais e que tem mais de 130 competições por ano, é o campeão de manipulações, sem estudar o fenômeno, é, no mínimo, uma irresponsabilidade”, disse Gussem.
De acordo com a SportRadar, o Brasil registrou 109 casos suspeitos de manipulação, com cerca de nove mil partidas monitoradas em 118 campeonatos. A maioria desses casos, 94, ocorreu em campeonatos estaduais. Em comparação com 2022, houve uma redução de 44 casos.
A crítica de Gussem considera a quantidade de partidas realizadas em relação às suspeitas. Nessa análise, o Brasil ficou atrás de países como Argentina, Peru, Rússia, Filipinas, Grécia, entre outros.