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Cultura

Luís Pimentel, Antonio Brasileiro e Juraci Dórea lançam seus novos livros de literatura, na próxima sexta (30), no MAC

27 de Agosto de 2024 | 15h 42
Luís Pimentel, Antonio Brasileiro e Juraci Dórea lançam seus novos livros de literatura, na próxima sexta (30), no MAC
Fotos: Reprodução

Os escritores Antonio Brasileiro, Juraci Dórea e Luís Pimentel, que integram o Grupo Hera, uma das confrarias poéticas mais longevas da História da Literatura Brasileira, lançam seus novos livros na próxima sexta-feira (30), pela Editora Mondrongo.

O evento acontece no Museu de Arte Contemporânea (MAC) Raimundo de Oliveira, em Feira de Santana, a partir das 19 horas. O evento é aberto ao público e contará com a presença de diversos escritores e artistas feirenses ou aqui radicados, bem como de seus leitores e membros da imprensa.

BRASILEIRO – Uma das maiores vozes da poesia brasileira atual, Brasileiro estará presente, desta vez, com uma obra de ficção. Caronte é o título do livro, que está em sua segunda edição e cuja criação é inspirada em uma das personagens mais conhecidas da mitologia grega. “Chamava-se Caronte. Tinha um ofício árduo e sem descanso. O convívio com a morte lhe roubara qualquer resquício de amor ou compaixão. Cumpria, porém, o seu ofício com toda a dignidade. A si não competia o destino de ninguém e, ademais, um destino é algo inarredável. Fadado a sopesar, também, o que pelos olímpicos lhe fora determinado, fazia-o de maneira quase irrepreensível, digna: eterna”, diz um trecho.

Um dos textos de apresentação sentencia: “trata-se de uma obra em que a estética do duplo vai se adensando enquanto a narrativa avança, causando no leitor certo estranhamento, pois ele nunca estará seguro daquilo que o narrador conta, se tudo aquilo não passa da descrição de um sonho, lembranças ou se tudo não passa de um devaneio ou delírio, uma narrativa identificada esteticamente com o fantástico, na qual não cabe questionar a veracidade do que está posto, já que tudo se manifesta numa realidade da que conhecemos por imediato”.

Pela Mondrongo, o escritor baiano também publicou: Poesia Completa (em dois volumes) e Carta (poesia, 2023). Antonio Brasileiro é imortal pela Academia de Letras da Bahia (ALB). Está radicado em Feira de Santana desde a década de 1970, tendo atuado, até aposentar-se, como professor de Teoria da Literatura da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs).

DÓREA – Feirense de nascimento, o arquiteto Juraci Dórea é mais conhecido como artista plástico, sendo especialmente renomado neste campo, nacional e internacionalmente. Participou de inúmeras exposições individuais e coletivas, bem como de importantes eventos de arte, como a Bienal de Veneza e a Bienal de São Paulo, sempre explorando a rica, misteriosa e emblemática imagética da cultura sertaneja, tanto em telas quanto em instalações, como é o caso da série de esculturas de couro que compõe o Projeto Terra.

No entanto, o artista também tem uma vasta obra dedicada à poesia, ao ensaio, à crônica, à fotografia e ao audiovisual, tendo, inclusive, produzido cinema, em Feira de Santana, na década de 1960, no formato Super 8.

Como escritor, Juraci tem trabalhos publicados em suplementos e revistas literárias, tendo participado de diversas antologias poéticas, sobretudo a Revista Hera, editada, desde os anos 70, pelo grupo homônimo. Durante o evento desta sexta-feira, pela Mondrongo, ele lançará A segunda valsa, um livro de crônicas.

Para o também poeta e professor de Literatura (Uefs) Rubens Alves Pereira, a poesia de Juraci Dórea “é marcada pela plasticidade dos conceitos e pela contenção formal, por uma sintaxe límpida, investida de uma consciência plácida da quase-trágica ou quase-lúdica, quase-farsa ou quase-cômica perambulação humana”.

Já Roberval Pereyr, uma das vozes líricas baianas de maior projeção no país, também membro do Grupo Hera e professor aposentado de Literatura Brasileira pela Uefs, Dórea é um poeta lírico por excelência. “Seus poemas, quase sempre situados na difícil fronteira em que o indizível torna-se visível (ou seja, em que a dimensão utilitária da linguagem cede lugar ao nascedouro das imagens), instauram ‘climas’ e ambientes afetivos singulares”, descreve.

O artista feirense, que segue residindo em sua cidade natal, tem livros publicados por diversas editoras, a exemplo de Umquasepoema para Edwirges (poesia, 1976); Eurico Alves, poeta baiano (ensaio, 1978); O cavalo sépia (poesia, 1979); Nuanças (poesia, 2004); Barcos de papel (poesia, 2011); Cartas de Eurico Alves: fragmentos da cena modernista (ensaio, 2012); Poema de Feira de Santana (poesia, 2012); O livro das phantasias (poesia, 2014); Outubro (poesia, 2017); e Feira de Santana: memória e remanescentes da arquitetura eclética (ensaio, 2018).

PIMENTEL – O jornalista e escritor Luís Pimentel é natural de Feira de Santana, cidade onde cresceu e adquiriu formação básica. Aqui, participou ativamente dos primeiros encontros do Grupo Hera e das edições da revista da confraria. Posteriormente, mudou-se para o Rio de Janeiro para estudar teatro, vindo, ali, a dedicar-se inteiramente ao jornalismo e à literatura.

No campo jornalístico, Pimentel trabalhou em diversos periódicos, como O Pasquim (1976-1977), Mad do Brasil, Última Hora e O Dia. Como escritor, é autor de dezenas de obras, em vários estilos, dedicadas aos públicos infantil e adulto. Também é autor de biografias, como a do músico Luiz Gonzaga, tendo atuado, ainda, como roteirista de programas humorísticos para a televisão, como é o caso da Escolinha do Professor Raimundo, da Rede Globo.

Pimentel tem um trabalho reconhecido, também, no campo da história e da crítica musicais. Foi editor de diversas publicações voltadas ao tema, como, por exemplo, a revista Música Brasileira, ainda hoje disponível na internet.

Ganhou inúmeros prêmios literários. Coordenou a publicação de Paixão e Ficção - Contos e Causos de Futebol, no qual escreveu um texto, ao lado de figuras como Zico, Armando Nogueira, Aldir Blanc e outras grandes personalidades brasileiras.

Sobre sua obra literária, a escritora feirense Alana Freitas El Fahl escreveu: “a crônica, o gênero mais brasileiro e mais camaradeiro de todos, achou sombra sob a árvore frondosa da escrita de Luís Pimentel, cronista da mesma fonte de Braga, Millôr, Stanislaw, Sabino e do Maria, dentre outros que souberam dosar suas tintas entre as dores e delicias da vida”.

Na próxima sexta, no MAC, Pimentel lança mais um livro de crônicas: O carioca de Feira de Santana. No novo volume do autor, Alana, que também é professora de Literatura da Uefs, disse ter-se encontrado com as memórias de um menino que migrou, mas que nunca abandonou sua cidade. “Autor de tantas outras prosas fiadas, afiadas e premiadas, agora nos oferece essa coletânea que nos chega como uma bela galeria de memórias, homenagens e outras tantas histórias para quem tem olhos de ver. A matéria-prima dessas páginas brota de diversas situações vividas, ouvidas e reinventadas. De suas lembranças de menino em Feira de Santana, aluno do Colégio Municipal que se frustrou no desfile de 7 de Setembro e ficou sabendo, desde cedo, onde o calo aperta, apesar da beleza do sapato, do jovem aspirante a ator que foi discípulo do ‘Careca da Mercearia’, do migrante que chega ao Rio para tentar a sorte e a encontra no abrigo dos amigos com quem dividiu macarrão com salsicha e nas muitas aventuras e desventuras, sem esquecer do faro atento de um jornalista que sabe bem a diferença entre um períneo e um perônio e quase cobriu um golpe”, relata.

SOBRE A EDITORA – Presente em dez edições do Festival Literário e Cultural de Feira de Santana (Flifs), evento que começou nesta terça-feira (27) e vai até o dia 1º de setembro, a Editora Mondrongo resolveu comemorar sua participação com a publicação destes três grandes expoentes da literatura feirense.

Baiana, a Mondrongo tem como propósito publicar, sempre, literatura brasileira de excelência. Fundada em 2011, pelo escritor Gustavo Felicíssimo, já publicou cerca de 400 escritores e de 700 títulos, tendo obras finalistas ou vencedoras de importantes prêmios literários, como o Jabuti, o Oceanos, o Prêmio Rio de Literatura e o Prêmio da Biblioteca Nacional.



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