O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal
(STF), concedeu liberdade provisória ao coronel Jorge Eduardo Naime Barreto,
acusado de omissão durante os atos golpistas protagonizados por apoiadores do ex-presidente
Jair Bolsonaro (PL) e que culminaram na vandalização das sedes dos Três Poderes
da República, em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023.
Na ocasião, Naime Barreto comandava o Departamento de
Operações da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). O agente público
estava preso desde o ano passado, sob suspeita de não ter cumprido seus deveres
funcionais durante a tentativa de Golpe de Estado.
Em fevereiro de 2024, o militar se tornou réu no caso, juntamente
com outros seis integrantes da antiga cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal.
De acordo com a Agência Brasil, divulgada nesta segunda-feira
(13), a decisão de Moraes baseou-se no fato de o coronel ter passado,
recentemente, para a reserva da corporação na qual atuava.
No entendimento do magistrado, o militar não representa mais
risco à apuração do caso, pela atual condição de ingerência em assuntos da
corporação. Em função da mesma situação, o STF também deliberou a soltura de
outros quatro coronéis.
Audiência – Apesar de solto, diz a
Agência Brasil, Jorge
Eduardo Naime Barreto não poderá comparecer a uma cerimônia da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB) em o filho receberá a carteira de advogado. Isto
porque a solenidade coincide com uma audiência de instrução já marcada.
O coronel também está obrigado a usar tornozeleira eletrônica
e não pode deixar o Distrito Federal. O STF determinou, ainda, outras medidas
cautelares, como o comparecimento semanal em juízo; o recolhimento domiciliar
noturno e aos fins de semana; a proibição de usar redes sociais; e a suspensão
de eventuais autorizações para o porte de armas.
Acusação – A denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da
República (PGR) aponta que Naime cometeu os crimes de abolição violenta do
Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado contra patrimônio
da União, deterioração de patrimônio tombado e violação dos deveres funcionais,
todos pela via da omissão.
Pela peça acusatória, o militar também teria conspirado desde 2022, junto com os demais denunciados, em favor de um levante popular pró-Bolsonaro, tendo, no dia 8 de janeiro de 2023, deixado, de forma deliberada, que os vândalos invadissem e depredassem o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional.
Para a PGR, há “uma profunda contaminação ideológica de parte
dos oficiais da PMDF denunciados, que se mostraram adeptos de teorias
conspiratórias sobre fraudes eleitorais e de teorias golpistas”.
Ainda conforme a Agência Brasil, a defesa de Naime nega as acusações e alega que
a PGR não conseguiu delinear as condutas supostamente criminosas de seu
cliente.