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Política

PF afirma que Bolsonaro pediu e aprovou mudança em minuta de golpe

09 de Fevereiro de 2024 | 11h 00
PF afirma que Bolsonaro pediu e aprovou mudança em minuta de golpe
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A Polícia Federal (PF) aponta que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) solicitou mudanças na minuta do decreto através do qual pretendia dar um golpe de Estado no Brasil. A informação aparece na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), por meio da qual o magistrado expediu mandados de busca e apreensão e de prisão dos investigados.

De acordo com a Agência Brasil, a corporação detalhou que a minuta inicial previa as prisões dos ministros do STF, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, e do presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Após receber o texto, apresentado pelo ex-assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Filipe Martins, Bolsonaro solicitou modificações no documento. Martins foi preso nesta quinta-feira (8), no âmbito da Operação Tempus Veritatis.

A Polícia Federal descobriu que, na nova versão da minuta do golpe, o pedido de prisão de Alexandre de Moraes e a convocação de novas eleições foram mantidos, após passar pelo crivo do ex-presidente.

Acusado de participar da conspiração, o advogado Amauri Saad também foi alvo da ação policial de ontem. “Conforme descrito, os elementos informativos colhidos revelaram que Jair Bolsonaro recebeu uma minuta de decreto apresentado por Filipe Martins e Amauri Feres Saad para executar um golpe de Estado, detalhando supostas interferências do Poder Judiciário no Poder Executivo e, ao final, decretava a prisão de diversas autoridades, entre as quais os ministros do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco e, por fim, determinava a realização de novas eleições”, enumerou a PF.

encontro com comandantesA PF destacou, também, que, após ter concordado com o novo texto, Bolsonaro convocou uma reunião com os comandantes das Forças Armadas. No encontro, o ex-presidente teria apresentado a minuta do golpe ao almirante Almir Garnier Santos (Marinha), ao general Marco Antonio Freire Gomes (Exército) e ao brigadeiro Carlos de Almeida Batista Júnior (Aeronáutica).

Com isto, enfatiza a PF, Bolsonaro tentou pressionar os chefes militares “a aderirem ao golpe de estado”. A reunião aconteceu no dia 7 de dezembro de 2022, no Palácio da Alvorada, em Brasília.

Monitoramento de MinistroAinda conforme a Agência Brasil, os agentes federais também identificaram que o grupo criminoso monitorou Alexandre de Moraes, a fim de “executar a pretendida ordem de prisão, em caso de consumação do golpe de estado”.

Os deslocamentos do magistrado, entre Brasília e São Paulo, nos dias 15, 21, 24 e 31 de dezembro de 2022, estavam sendo monitorados pelos suspeitos. A PF detalhou que mensagens trocadas entre o tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid, então ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e o coronel Marcelo Camara, assessor especial da Presidência da República à época, revelaram que Moraes era chamado, na ação de espionagem, de “professora”.

A corporação checou e confirmou que os trajetos feitos pelo ministro coincidiam com as informações trocadas entre os acusados. “A investigação constatou que os deslocamentos entre Brasília e São Paulo do ministro Alexandre de Moraes são coincidentes com os da pessoa que estava sendo monitorada e acompanhada pelo grupo. Assim, o termo ‘professora’, utilizado por Mauro Cid e Marcelo Camara, seria um codinome para a ação que tinha o Ministro Alexandre de Moraes, membros do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), como alvo”, concluiu a Polícia Federal.

Para os investigadores, o monitoramento deixa claro que havia um intento de tomada de poder. “Demonstra que o grupo criminoso tinha intenções reais de consumar a subversão do regime democrático, procedendo a eventual captura e detenção do Chefe do Poder Judiciário Eleitoral”.



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