O diretor-presidente da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, divulgou uma
nota no último dia 8 rebatendo as insinuações do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a aprovação
da vacinação de crianças de 5 a 11 anos. Bolsonaro questionou o interesse por
trás da imunização infantil. "O que está por trás disso? Qual o interesse
da Anvisa por trás disso? Qual o interesse daquelas pessoas taradas por vacina?
É pela vida? Pela saúde? Se fosse, estariam preocupados com outras doenças no
paÃs, mas não estão".
No texto, Barra Torres diz que,
se o presidente tem informações que indiquem corrupção na Anvisa, deve fazer uma
investigação imediata. "Se o senhor não possui tais informações ou indÃcios,
exerça a grandeza que o seu cargo demanda e, pelo Deus que o senhor tanto cita,
se retrate", completou o presidente da agência reguladora.
Barra Torres, que é médico e
contra-almirante da Marinha, terceiro maior posto da corporação, diz ter
pautado sua vida pessoal em "austeridade e honra" e sua vida
profissional como médico procurando "manter a razão à frente do
sentimento." "Como cristão, senhor presidente, busquei cumprir os
mandamentos, mesmo tendo eu abraçado a
carreira das armas. Nunca levantei falso testemunho", completa Barra
Torres, antes de pedir a Bolsonaro que "não perca tempo nem
prevarique" caso tenha conhecimento de corrupção na agência.
A dura resposta do presidente da
Anvisa-que não pode ser demitido- dá uma ideia da luta intestinal que ocorre no
interior do governo entre o presidente, o anedótico Ministro da Saúde, Quiroga,
as demandas pelos gigantescos negócios das vacinas e o papel da Agência Reguladora.
Neste debate, até aqui, a nota da
Anvisa foi um golpe de direita- não tão amiga- no presidente.