A conduta de Bolsonaro na pandemia desestimulando o uso de vacina, retardando sua compra, assim como todas as suas declarações contra o isolamento e o uso de máscara, além de incentivo ao uso de remédios sem comprovação cientÃfica, resultaram em agravamento do número de mortos, sem dúvida, embora seja tolice e discurso polÃtico atribuir a ele os mais de 600 mil mortos. Por outro lado, sua falta de empatia com os mortos e abjetas afirmações sobre as famÃlias e suas vÃtimas situam-se no campo do horror pessoal.
O crime
de genocÃdio não se aplica ao caso e está
corretamente sendo retirado do relatório da CPI, no Congresso, para evitar o descredito. Como apontou o
jornal O Globo, em editorial: "Todas as definições do crime - a da convenção das
Nações Unidas sobre genocÃdio, subscrita pelo Brasil em dezembro de 1948, a da
lei 2.889 de outubro de 1956 e a do artigo 6º do Estatuto de Roma que criou
o Tribunal
Penal Internacional (TPI) - o caracterizam como uma
série de atos cometidos ‘com a intenção
de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso".
Decididamente não se pode atribuir a Bolsonaro as caracterÃsticas que definem o
genocÃdio, embora se possa apontar culpa em outros crimes administrativos.
O genocÃdio é uma barbárie que precisa
ser combatida ferozmente e a utilização do termo precisa ser consistente e bem
fundamentada para evitar que o termo venha a perder sua força e impacto. O desejo de colocar uma
marca ruim no presidente não pode ser maior do que a correta interpretação dos
fatos. Dito isso, ressalto que nada diminui as responsabilidades do governo pelo
excesso de mortes na pandemia e isso já é o horror necessário.