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Em sessão solene, comunidade negra pede visibilidade, valorização e reconhecimento de seu valor histórico

24 de Setembro de 2021 | 12h 14
Em sessão solene, comunidade negra pede visibilidade, valorização e reconhecimento de seu valor histórico
Fotos: Marcio Garcez

Realizada pela Câmara de Vereadores de Feira de Santana, na tarde desta quinta (23), a sessão solene em comemoração ao Dia Municipal da Beleza Negra e do Sacerdote e Sacerdotisa de Religião de Matriz Africana, abriu espaço a vozes representativas, que pediram mais visibilidade, valorização e reconhecimento do valor histórico do povo negro e de sua cultura, para combater a intolerância e a inversão de conceitos.

Promovida pelo Núcleo Cultural Educacional e Social Quilombola Odungê, que tem Lourdes Santana como presidente, o ato, aprovado pela Casa da Cidadania, derivou do Requerimento de autoria do vereador Petrônio Lima (Republicanos).

Apontando diversas atitudes e discursos de intolerância por parte de representantes eleitos pelo povo, tanto em Feira de Santana quanto em outras cidades do país, Silvio Humberto, professor de Economia da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) e vereador pela Câmara Municipal de Salvador, lembrou que a escravidão mental ainda precisa ser subjugada. "Nós, que falamos que a liberdade religiosa é um valor importante para a democracia, não podemos permitir atos de intolerância. Isto aqui é resistência, é olharmos para nós mesmos e reafirmarmos o nosso compromisso com aqueles que já foram e ainda clamam por justiça e igualdade. Livramos-nos das correntes da escravidão, mas ainda existe a escravidão mental e precisamos vencê-la", destacou.

Negra Jhô e Gerusa Menezes, eleitas Deusas do Ébano, também usaram a tribuna da Casa para salientar a importância de concursos e eventos que valorizam a beleza e a cultura negras, como é o caso da eleição da rainha (Deusa do Ébano) e das princesas do bloco afro Ilê Aiyê, realizada a cada Carnaval. Segundo ela, iniciativas desta natureza promovem a valorização do pertencimento de lugar, a afirmação da identidade, além de firmarem valores necessários para o fortalecimento da comunidade.

Vereador eleito por Feira de Santana, Jhonatas Monteiro chamou a atenção para a propagação de discursos que trabalham para a inversão de conceitos, como o que tenta negar a influência da cultura e religião africanas, ao afirmar que o Brasil é um país judaico-cristão.

O parlamentar também falou sobre a impossibilidade de solucionar os problemas do país negando a real composição do povo brasileiro. "É impossível pensar qualquer questão pública sem entender que nós somos um país de maioria negra", ressaltou, ao destacar a importância do evento. "Este é um momento de celebração, mas também de ocupação histórica", apontou.

O autor do Requerimento, por sua vez, destacou sua satisfação em viabilizar a sessão. "Não poderia deixar de, como vereador, ser autor desse Requerimento para homenagear a periferia e a comunidade negra. Sou evangélico e isso não importa, porque Deus não veio ao mundo para fazer exceção de pessoa", afirmou Petrônio Lima.

Outros parlamentares, a exemplo de Silvio Dias (PT), de Lu de Ronny (MDB) e do ex-vereador Marialvo Barreto, autor do Projeto de Lei que instituiu o Dia Municipal do Sacerdote e Sacerdotisa de Religião de Matriz Africana, também fizeram uso da palavra, pedindo pela valorização de tudo o que caracteriza a cultura e representa o povo negro.

Também presentes à sessão, o secretário Municipal de Cultura, Esporte e Lazer, Jairo Carneiro Filho, e o ex-diretor de Eventos da pasta, Naron Vasconcelos, destacaram as iniciativas de valorização da cultura negra.

A sessão solene homenageou sacerdotes e sacerdotisas do culto afro, jornalistas, radialistas, músicos e outros profissionais que valorizam a causa e a cultura afro-brasileira.



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