Atentado terrorista está completando 20 anos neste sábado
-
Um avião bateu contra o World Trade
Center lá em Nova Iorque...
A
notícia chegou no fim da sessão da Câmara Municipal aqui da Feira de Santana. Quem
a trouxe, nem recordo. Mas sei que não atribuiu grande importância. Assim, julguei o fato um acidente, talvez um aviãozinho qualquer tivesse se chocado por acaso contra
uma das Torres Gêmeas. Naquela época, o frenesi pela busca por informações nos
aparelhos celulares ainda estava distante. Segui a rotina, despreocupado.
Por
alguma razão, fui à avenida Getúlio Vargas naquela manhã ensolarada, típica do
fim do inverno. Lá, recebi a ligação de um amigo fornecendo detalhes, informando
que fora um atentado de grandes proporções. Descreveu as cenas vividamente, sua
agitação ao telefone contrastava com os pios tranquilos dos pardais nos oitis
das cercanias da Praça de Alimentação. Apressei o passo em busca de uma tevê.
Muita
gente fez o mesmo, naquele e nos dias seguintes. Embora pouco afeito ao
noticiário internacional, o feirense parou defronte às tevês das lojas de
eletrodomésticos, dos bares, das farmácias, das lojas e de qualquer lugar que
dispusesse de um aparelho. Osama Bin Laden, a Al Qaeda, o Talibã e o
Afeganistão tornaram-se populares até entre quem mercadejava na Marechal
Deodoro, na Sales Barbosa.
À
época, a internet ainda era pouco difundida. Nela, o acesso ao noticiário apenas
engatinhava. Daí a necessidade da tevê, do rádio, dos jornais impressos que se
esgotaram rapidamente na manhã seguinte. Lembro que até tentei adquirir um
exemplar da Folha de São Paulo numa banca do centro da Feira de Santana. O
vendedor ficou indignado com minha pretensão:
-
Só vão chegar dez exemplares e já tem uma fila de espera com mais de 15
pessoas!
Desisti.
Tive que disputar um exemplar quase no tapa na Biblioteca Central da Uefs, à
noite. Mas consegui ler boa parte da edição especial. Em volta da tevê, no hall da biblioteca, dezenas de
estudantes acompanhando, atentos, o noticiário. Foram dias febris. Ali, todos sabiam
que o mundo estava mudando.
Pelas
ruas, como sempre, não faltou quem enxergasse mais um sinal do fim dos tempos,
do Apocalipse, da volta de Jesus Cristo. O que sempre acontece nestas ocasiões,
aliás. Até então, só quem lia jornais sabia das atrocidades do Talibã no
Afeganistão ou do recrudescimento do terrorismo islâmico na Ásia e na África.
O
tétrico 11 de Setembro tornou costumeiras no noticiário as imagens dos
combatentes com seus fuzis, seus trajes típicos e suas convicções obscurantistas
na arenosa paisagem afegã. Irreverente, o feirense tratou de apelidar de "Bin
Laden" ou "Osama" os raros barbudos daqueles tempos. Muitos, obviamente,
ficavam indignados. Outros, até temerosos, assustados com a novidade do
terrorismo.
Lá
se vão 20 anos. O mundo mudou muito desde então. O mais impressionante, porém,
foram as mudanças nas formas de produção e de disseminação de notícias, o
caráter quase instantâneo do acesso às informações na atualidade. Lembro que o
telefonema do colega mencionado acima foi atendido com um daqueles aparelhos celulares
que, basicamente, serviam só para chamadas de voz...