Em boletim divulgado, nesta quarta-feira (12), pelo
Observatório Covid-19, pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alertam
que, no Brasil, a incidência do contágio pelo novo coronavÃrus se mantém em um
patamar elevado, dando oportunidade para que novas cepas do SARS-CoV-2 surjam
ainda mais agressivas e letais. O momento, segundo os cientistas, inspira
cautela, pois o risco de uma terceira onda "ainda mais grave" é alto.
A análise também
aponta uma ligeira redução nas taxas de mortalidade e na ocupação dos leitos de
Unidades de Terapia Intensiva (UTI), mas isto não significa poder abrir mão das
medidas preventivas indicadas pelas autoridades sanitárias, como, por exemplo,
manter o distanciamento social, usar máscaras e higienizar, constantemente, as
mãos. "A observada manutenção de um alto patamar, apesar da ligeira redução nos
indicadores de criticidade da pandemia, exige que sejam mantidos todos os
cuidados, pois uma terceira onda agora, com taxas ainda tão elevadas, pode
representar uma crise sanitária ainda mais grave", diz o documento.
Segundo a Agência Brasil, a Fiocruz aponta que, desde o fim
de abril, há uma tendência de queda de 1,7% nos óbitos por dia, enquanto os
casos aumentam 0,3% por dia. O número de mortes, porém, continuava muito
elevado na semana de 2 a 8 de maio, próximo das 2,1 mil vÃtimas por dia.
O percentual de pessoas diagnosticadas que vão a óbito
(letalidade) também caiu, de 4,5% em março para cerca de 3,5% na última semana,
o que pode indicar um aumento na capacidade de diagnóstico e no tratamento de
casos graves. "Neste momento da pandemia, cabe o reforço das ações de
vigilância em saúde para fazer a triagem de casos graves, o encaminhamento para
serviços de saúde mais complexos, bem como a identificação e aconselhamento de
contatos. Nesse sentido, a reorganização e ampliação da estratégia de testagem
é essencial para evitar novos casos, bem como reduzir a pressão sobre os
serviços hospitalares", afirmam os pesquisadores.
LEITOS - Ainda de acordo com o boletim, houve
melhora significativa na ocupação dos leitos de Unidade de Tratamento Intensivo
(UTI) na Região Norte, onde Roraima (37%), Acre (57%) e Amazonas (55%) estão na
zona de alerta baixo. Fora esses três estados, a ParaÃba é a única que
apresenta ocupação na zona de alerta baixo, com 59%.
Apesar disso, sete estados de outras regiões têm, pelo menos,
90% dos leitos ocupados: Piauà (90%), Ceará (90%), Rio Grande do Norte (95%),
Pernambuco (96%), Sergipe (97%), Paraná (93%) e Santa Catarina (91%). A Bahia
(80%) e mais seis estados, dentre eles, Roraima (88%), Mato Grosso do Sul
(85%), Distrito Federal (81%), Tocantins (81%), Rio de Janeiro (87%) e Goiás
(84%), também estão na zona de alerta crÃtico para a ocupação de UTIs.
A quantidade de unidades federativas na zona de alerta médio
é a maior desde 22 de fevereiro. São nove os estados com as UTIs entre 60% e
80% de ocupação: Amapá (72%), Pará (69%), Maranhão (67%), Mato Grosso (79%),
Alagoas (74%), Minas Gerais (79%), EspÃrito Santo (77%), São Paulo (79%) e Rio
Grande do Sul (73%).
O Observatório Covid-19, diz a Agência Brasil, sugere, ainda,
que a nova conjuntura da pandemia "pode permitir a readequação dos serviços de
saúde, com atuação mais intensa dos serviços de Atenção Primária de Saúde, bem
como o esclarecimento da população, empresas e gestores locais sobre a
importância de se intensificar as práticas de proteção individuais e coletivas,
como o uso de máscaras, higienização pessoal e de ambientes domiciliares".
De acordo com os pesquisadores, é preciso continuar evitando locais e atividades de interação social, sobretudo em ambientes fechados e com grande número de pessoas. "Somente essas medidas, aliadas à intensificação da campanha de vacinação, podem garantir a queda sustentada da transmissão e a recuperação da capacidade do sistema de saúde", advertem.