Um dos mais consagrados críticos literários do Brasil, Alfredo Bosi morreu, nesta quarta-feira (7), aos 84 anos, vítima de Covid-19. Professor de gerações de estudantes de Letras e autor de alguns dos mais importantes livros teóricos da área, a exemplo de História Concisa da Literatura Brasileira (1970), O ser e o tempo da poesia (1977) e Céu inferno: ensaios de crítica literária ideológica (1988), o catedrático da Universidade de São Paulo (USP) estava internado com um quadro grave de pneumonia, desencadeado pelo novo coronavírus.
Nascido em São Paulo, em 1936, Bosi formou-se em Letras, pela USP, em 1960. Posteriormente, cursou especialização em literatura italiana, em Florença. De volta ao Brasil, após um ano de bolsa de estudos, assumiu os cursos de língua e literatura italianas, na mesma universidade onde se graduou. Em 1970, assumiu o cargo de Professor Titular no Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH-USP), passando a ensinar a disciplina literatura brasileira.
Em 1997, começou a atuar como diretor do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, onde coordenou o projeto Educação para a Cidadania (1991-96). Integrou, ainda, a comissão coordenadora da Cátedra Simón Bolívar – um acordo de cooperação entre a USP e a Fundação Memorial da América Latina. No ano seguinte, passou a coordenar também a Comissão de Defesa da Universidade Pública (1998). Há 31 anos, era o editor da revista Estudos Avançados.
Na carreira acadêmica, Bosi também ocupou a Cátedra Brasileira de Ciências Sociais Sérgio Buarque de Holanda da Maison des Sciences de l’Homme, em Paris. Em 2003, foi eleito imortal pela Academia Brasileira de Letras (ABL), tornando-se o sétimo ocupante da cadeira de número 12.
Nascido em São Paulo, foi casado com a psicóloga social e escritora Ecléa Bosi, professora do Instituto de Psicologia da USP. Ele deixa dois filhos: Viviana Bosi, docente no mesmo departamento onde o pai lecionou, e José Alfredo Bosi. Em função das medidas de distanciamento e isolamento sociais, adotadas como forma de conter o avanço da Covid-19 no país, não haverá velório.
O presidente da Associação Brasileira de Letras, Marco Lucchesi, lamentou a morte do educador. “A tanta dor, soma-se a morte do admirável acadêmico Alfredo Bosi. Sou tomado de profunda emoção. Nem encontro palavras. Escrevo com olhos marejados. Bosi: um homem de profunda erudição, humanista inconteste, um homem que estudou o Renascimento e que o representou”, disse.