Pela primeira vez, desde sua fundação, o PT não vai ocupar nenhuma prefeitura de capital, após ter perdido em 11 das 15 cidades em que disputou o segundo turno, ficando reduzido a 183 prefeituras, 32 delas, na Bahia.
Jacques Wagner, entre outros líderes, tentaram minimizar a derrota, embora nem todos no partido concordem com a falta de autocritica. Como disse um ex-ministro o antipetismo ficou maior que o petismo.
A verdade é que o partido foi abalroado pela Lava Jato e viu seu líder principal, Lula, ser condenado por corrupção em várias instâncias, especialmente, como disse o ex-presidente dos EUA, Obama, pelos " escrúpulos de chefão do crime", "clientelismo governamental, negócios por baixo do pano e propinas na casa dos bilhões”.
A verdade é que o PT envelheceu, perdeu parte do apoio das massas sindicais do ABC, que deram base a sua instalação, da Igreja progressista, Universidades, redações, e intelectuais, que ajudaram a alimentar seu crescimento. Incapaz de reconhecer seus erros, de reafirmar seu compromisso com o povo, e aparecer ao novo eleitor que não vivenciou as monumentais greves que liderou, o partido preferiu caminhar em direção as verbas públicas e assim está vendo surgir uma nova esquerda representada pelo PSOl , com Boulos, e PC do B, com Manuela Davila.
Não se pode tapar o sol com a peneira, nem ocultar o crepúsculo do partido. Não é a toa que Jacques Wagner, ex-governador, cobrou renovação do partido, afirmando: "sou amigo do Lula, mas vou ficar refém dele a vida inteira? Não faz sentido".
A Bahia continua sendo o Estado onde o PT tem sua maior permanência e resistência, embora tenhamos aqui um PT miscigenado, um PT de coalizão, batizado e validado pelas forças mais tradicionais do antigo carlismo, representadas por Otto Alencar, Angelo Coronel, João Leão, César Borges, entre tantos outros. Até o atual vice-prefeito eleito de Feira, Fernando de Fabinho, já fez parte da base aliada de Wagner.
À época, Fabinho declarou: “a aliança está formalizada”. E disse que aguardava a missão que o seu novo líder ia lhe destinar. “Estarei no palanque petista em 2010”, afirmou.
O descolorimento do vermelho radical, a renúncia a pautas extremistas, a migração para uma agenda de centro compatível com os novos aliados, foi uma estratégia política muito acertada e garantiu quatro mandatos de governador, ao partido.
Agora, com o ocaso- longe da morte, no entanto- nacional e estadual, e o crescimento de agremiações como o PSD e PP, teremos um reajuste de forças para a sucessão do governador Rui Costa, com uma quase certa candidatura própria do PSD, ao menos.
O partido depende da Bahia como sua mais vistosa vitrine. Tempos emocionantes virão por aí.