O paciente com suspeita de dengue hemorrágica
O coordenador da policlínica, José Pires Leal, informou que o paciente chegou na segunda-feira pela manhã, foi acolhido e constatou-se, através de exames laboratoriais e de imagens, de que ele estava com suspeita de dengue hemorrágica. “Ainda no mesmo dia que chegou, as plaquetas baixaram demais e fizemos um relatório de transferência, que foi encaminhado ao Clériston, e um médico daquela unidade negou atendimento, alegando que o hospital estava lotado”, afirmou.
Segundo José Pires Leal, a situação do paciente agravou-se e foi feito um novo relatório de transferência e encaminhado por fax ao HGCA, que novamente não aceitou recebê-lo. De acordo com o coordenador, ao todo foram encaminhados oito relatórios de transferência, sendo todos negados e na manhã de hoje o paciente veio a óbito.
“Não há sensibilidade da rede hospitalar estadual, que não entende que trata-se de seres humanos, que ficam dentro de uma policlínica, que não é unidade destinada à internação de pacientes”, informou Leal. Na opinião dele, essa atitude é desumana e que por diversas vezes alertou o setor de regulação do Clériston que a situação do paciente era grave e que ninguém resolveu o problema.
“Disseram que não tem vagas, mas não é dessa maneira que se trabalha. Quando não há vagas eles são obrigados a fazer a transferência e conseguir vaga em qualquer unidade de saúde da Bahia”, observa Leal. Ele lembra que é obrigação do estado oferecer saúde de qualidade à população.
Na opinião de José Pires Leal, o paciente só morreu por falha no setor de regulação do Clériston Andrade. “Isso nos deixa bastante chateados, pois trata-se de um ser humano, que poderia ter sua vida preservada e acabou morrendo porque foi negada a internação”, disse.
O diretor do Hospital geral Clériston Andrade, José Carlos Pitangueira, contesta as informações dadas pelo coordenador da policlínica, José Pires Leal. Segundo ele, realmente o hospital não tem vagas, mas que a transferência de um paciente de uma unidade de saúde da prefeitura é de responsabilidade da central municipal de regulação e não do Clériston.
Ele informou também que a regulação do Clériston não recebeu o paciente, pois não havia comprovação através de exames laboratoriais de que ele realmente estava com dengue hemorrágica. José Carlos Pitangueira também questionou o porquê do paciente não ter sido levado para outras unidades de saúde, como por exemplo, o Hospital Dom Pedro de Alcântara (HDPA) ou a Casa de Saúde Santana, que são unidades conveniadas com o Sistema Único de Saúde (SUS).
FONTE: Acorda Cidade