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César Oliveira - Crônicas

Imprescindível

César Oliveira - 01 de Maio de 2019 | 15h 58
Imprescindível
De todas as emoções, talvez, a mais necessária seja a sensação de que algo, ou alguém, nos é imprescindível. Do que, feito especiaria, sentença escrita em pergaminho, nos seja essencial, do que não se desfaz mesmo exposto aos ventos das erosões milenares, ao açoite do desimportante, da fragilidade, e da banalidade, que teima em diluir, em esgarçar, as permanências.
 
A absoluta necessidade de um amigo que reme a mesma nau dos insensatos; que proclame heresias, se necessário, em sua defesa; que lhe exija estar à altura. Ou a absoluta necessidade de um amor insubstituível - não destes seriais que repetimos boca em boca, na carne, a cada partida do anterior- como se seu nome pudesse ser dito em vão, e não fosse um palavrão obsceno e condenável a ser inscrito num ritual de martírio e gozo, como quem vai erigir um monumento irrepetível, sem lápide, ou exílio; um amor cujas juras são altares, cujos louvores são cantos sagrados, cujas comunhões são abalos sísmicos, cuja partida, que a vida é arrebatamento, glória e miséria, é amputação indelével.
 
É precisão que uma lealdade, um princípio, um valor, uma crença, uma escolha, seja como o fio das três deusas que tecem o destino, como aceiro que nos baliza, e da qual, nada, nem a morte, nem a alma, nem a salvação, nem as dores das condenações, nos apartará.
 
Em tempos de rasura, sou apenas falta.


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