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André Pomponet

Emedebismo aplica nova rasteira: a aprovação da PEC 241

André Pomponet - 25 de Outubro de 2016 | 21h 01
Emedebismo aplica nova rasteira: a aprovação da PEC 241

Depois da matreira rasteira aplicada na democracia, o emedebê do controverso Michel Temer emplacou a aprovação da PEC 241 na Câmara dos Deputados. É muito provável que lá no futuro, a medida figure como uma das mais nocivas já adotadas contra a população do País. Afinal, o congelamento – na prática, redução – dos investimentos em setores cruciais, como saúde e educação, vai tornar ainda mais precários os serviços oferecidos à população. Intensas mobilizações serão necessárias para revogar o absurdo travestido de mesóclises, mais adiante.

A medida ajuda a desnudar o projeto do emedebismo para o Brasil. A rigor, não existe um projeto. O grande projeto é o funcionamento do balcão – essa imortal instituição nacional – como fim em si mesmo. Nele, fazem-se acordos, urdem-se negócios, combinam-se acertos, trama-se o imponderável. Invariavelmente, o povo arca com os custos.

O balcão emedebista transcende a esfera parlamentar. Empolga empresários, mobiliza empreiteiros, entusiasma banqueiros, contagia os aspones cuja língua em riste coloca-se, sempre, na defesa intrépida da sacrossanta gestão privada. O balcão é, enfim, o grande projeto para o País. Com ele, meios polêmicos convertem-se em fins controversos.

A partir do balcão, retalha-se o Brasil. Existem amigos interessados no pré-sal? Encaminhem-se mudanças, façam-se leis. Tem gente de olho na previdência do brasileiro? Produza-se terrorismo, pintem-se horrores, mas aprove-se a reforma. Direito de trabalhador? Revogue-se, atropele-se, esmague-se, em nome de uma pretensa “competitividade”. Alguém reclama, protesta, vai às ruas? Solte-se a polícia, com mandíbulas e cassetetes à mostra.

Os fins do projeto emedebista misturam-se aos meios. Busca-se, na essência, exaurir as tetas suculentas do Estado, aproveitando-se de todas as oportunidades. E investe-se numa exaustão a retalho, no varejão típico dos balcões sebentos. Projeto de País torna-se, portanto, bobagem, utopia, coisa de gente pouco pragmática. O que vige hoje, o que tem valor, é a desabalada carreira em busca das chances que se abrem com a privataria que – anuncia-se – vai ser desenfreada.

A rigor, é prática até corriqueira ao longo da História do Brasil. O que há de inusitado é a gula, o apetite insaciável, a pressa no desmanche da nação. Mastigando as bordas do poder por longos 13 anos, apesar dos generosos nacos deglutidos, o emedebismo vê sua chance chegar e a abraça com sofreguidão.

Note-se que freios na gastança irracional dos últimos anos – que beneficiou o próprio partido – é fundamental. A questão são os critérios arquitetados pelo emedebismo e a longa vigência de 20 anos que, na melhor das hipóteses, vai conseguir produzir apenas tensões e, quiçá, convulsões sociais mais adiante. A conferir.



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