O charme e a desenvoltura das 15 candidatas a um dos títulos mais desejados do Carnaval da Bahia, o de Deusa do Ébano, desfilaram na passarela da 36ª edição da Beleza Negra do Ilê Aiyê, realizada neste sábado, 24 de janeiro. Para além do brilho da pele, dos olhares e sorrisos, e dos passos de dança que encantam gente de todas as nacionalidades, a auto-estima, a consciência e a afirmação da identidade de matriz africana reluziram na Senzala do Barro Preto, Curuzu.
“Há 50 anos, a própria expressão ‘beleza negra’, seria ouvida com certa estranheza. Foi o Ilê Aiyê que consagrou os valores da etnia e o próprio significado dessa expressão, sinônimo de auto-estima, de consciência da sua estética e do seu poder. Uma conquista que é objetiva e, ao mesmo tempo, subjetiva”, afirma o secretário de Cultura do Estado da Bahia, Jorge Portugal. O governador do Estado, que também participou da festa, destacou a importância da mulher para essa conquista de espaço e valorização. “Trata-se de um momento para reverenciar o papel da mulher negra na afirmação da arte e da cultura em nosso estado”, afirmou Rui Costa.
A festa, que teve patrocínio do Governo da Bahia, através da Secretaria de Cultura, além da Petrobras, Caixa e Governo Federal, contou também com a presença dos secretários estaduais de Turismo, Nelson Pelegrino, de Promoção da Igualdade Racial, Lucinha Barbosa, e de Políticas para Mulheres, Olívia Santana, além do comandante geral da Polícia Militar, Coronel Anselmo Brandão.
Já em clima de pré-Carnaval da Cultura, Jorge Portugal destacou o Programa Ouro Negro, que valoriza expressões da cultura afro-brasileira, a exemplo dos blocos de samba, afoxés e afros. Este ano, mais de 90 entidades serão apoiadas. “O Ouro Negro amplia e muito aquela primeira ideia dos garotos do Ilê que saíram em 1974. É o próprio Estado reconhecendo e apoiando o conteúdo cultural de uma festa que é parte fundamental da própria identidade da Bahia para o mundo. Isso tudo vai desembocar no Afródromo em 2016, que será o grande estuário onde desaguarão todos esses afluentes históricos”, anuncia Portugal.
Com apresentação de Sandro Teles e Arany Santana – diretora do Centro de Culturas Populares e Identitárias da SecultBA, a Beleza Negra teve direção artística de Elísio Lopes Júnior e coreografia assinada por Zebrinha, coreógrafo do Balé Folclórico da Bahia. Além do desfile, o público assistiu a shows de Lazzo Matumbi, do jamaicano Dr. Norris Weir e da Band’Aiyê. A noite homenageou a atriz Zezé Motta, primeira mulher negra a protagonizar uma novela, a matriarca do samba Dona Ivone Lara – com tributo de Juliana Ribeiro e Aloísio Menezes – e a sacerdotisa Mãe Hilda, por muitos anos líder espiritual do Ilê Aiyê.