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Economia

Aumento no preço da gasolina faz consumidores apertarem o cinto

23 de Fevereiro de 2015 | 15h 13

Quem tem um veículo vai ter que se desdobrar ainda mais diante do aumento da gasolina

Aumento no preço da gasolina faz consumidores apertarem o cinto

O aumento de R$ 0,22 por litro da gasolina e de R$ 0,15 por litro do diesel, que começou a valer este mês, já pesa no bolso do consumidor. Para dar conta da diferença, que nas bombas dos postos chegou a R$ 0,35 por litro, segundo o  Sindicato de Postos de Combustíveis da Bahia (Sindicombustíveis Bahia), tem gente fechando o bolso e até abrindo mão do carro por conta dos altos custos para rodar e manter um veículo.

A comunicóloga Maria Ribeiro, por exemplo, radicalizou e resolveu vender seu Nissan March por conta dos gastos que tinha com o veículo. “Os custos de manutenção são muito altos. Por mês, gasto R$ 900 com o meu veículo, somando revisão, estacionamento e combustível, além do seguro”, afirma.

A partir de agora, ela só sai de casa de ônibus ou táxi. “Como não tenho necessidade de sair todo dia, realmente cheguei à conclusão de que ficar sem carro por um tempo é a melhor alternativa. Ele só tem me dado despesa”, disse.

Peso
Para não ficar no sufoco, a advogada Fernanda Galdino também prevê alguns cortes no orçamento, já que gasta, em média, oito tanques de combustível durante o mês. “Ar-condicionado, tanto em casa como no carro, só vou usar quando for extremamente necessário. Também vou deixar de jantar e almoçar fora”, conta. “Além disso, troquei a empregada doméstica por diarista e vou reduzir o valor que eu gasto para lavar o carro, que chega a R$ 60. Agora lavar fora de casa só quando ele estiver na lama”, diz. 

 Com audiências na região metropolitana e em municípios vizinhos a Salvador, como Camaçari, Serrinha e Santo Antônio de Jesus, o custo com combustível chega a até R$ 1.280. Fernanda ainda paga entre R$ 10 e R$ 30 para estacionar o veículo. “Já vi que vou ter que trabalhar mais para cobrir o custo desse aumento na gasolina e conseguir pagar tudo isso”, prevê.

Fernanda já começou a calcular o impacto no orçamento e a buscar forma de economizar. “Eu e meus colegas estamos organizando uma ‘carona amiga’ pelo grupo do WhatsApp. Cada semana vejo quem vai ter audiência no mesmo local e fazemos revezamento”, aponta.

Bicicleta
A pergunta sobre como irá manter o carro rodando, com a gasolina custando até R$ 3,69 por litro, também não sai da cabeça da estudante de Direito Débora Muhana. Ela já se decidiu: vai andar de carro apenas nos trajetos mais distantes. “Vou comprar uma bicicleta para me locomover para todos os trajetos próximos, como academia ou banco”, comenta. 

Antes do reajuste, a estudante gastava R$ 350 mensalmente apenas com combustível. “Pelas minhas contas, isso iria aumentar para R$ 450.  Por isso resolvi economizar o máximo possível. A bike vai ser a minha melhor amiga”, conta. Além da gasolina, ela, assim como qualquer consumidor que possui carro, tem gastos anuais com o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), manutenção e seguro. “Se levar em consideração tudo isso, as despesas somam mais de R$ 3.500”, revela. Ao que tudo indica, o uso da bike para o transporte será mais frequente, já que podem vir mais gastos por aí.

Mais aumentos
Segundo o presidente do Sindicombustíveis Bahia, José Augusto Costa, o preço do combustível deve passar por mais variações até o final do primeiro semestre.  “Ainda neste mês de fevereiro deve aumentar o índice do etanol na gasolina. Como o preço do etanol subiu mais do que o da gasolina, há possibilidade de haver mais um reajuste”, afirma.

Além disso, ele lembra que em abril haverá o aumento  do  Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na Bahia, o que deve deixar a gasolina pelo menos R$ 0,10 mais cara, estima. “Também teremos, a partir do dia  1º de março, a cobrança do reajuste do Cide. Na compensação com o Cofins, se o governo resolver aumentar a margem, pode existir um acréscimo que será repassado para o consumidor”, diz.

Orçamento
Esses reajustes podem prejudicar, e muito, o administrador Pedro Araújo, que compromete 10% do seu salário  com gastos que envolvem seu carro. Ele, inclusive, acabou de pagar R$ 500 só com a revisão do seu veículo. “Rodei Salvador inteira para achar uma revisão mais em conta, prevendo o impacto desse aumento”, conta.

A preocupação de não gastar tanto está ainda maior: “Infelizmente, pagar por isso é inevitável. Não tem como ficar sem carro”, garante. Araújo consome  dois tanques e meio mensalmente, gastando R$ 300 no total. Após o reajuste, ele calcula que deve gastar mais R$ 50 por tanque de gasolina que encher. “Vou evitar a todo custo distâncias longas. Acabou final de semana na praia de Ipitanga. Vou até Jaguaribe, que é perto de casa e dá pra fazer o trajeto andando”, diz.

Proprietária de um Fiesta 1.6, a administradora de empresas Aline Góes gasta com gasolina R$ 240 por mês. “Eu abastecia com R$ 60 reais e ficava com três quartos do tanque cheio. Nesta semana coloquei o mesmo valor e deu menos de meio tanque. Agora, devo gastar muito mais, quase R$ 300”, estima.

Custo dobrado Dois carros na garagem vão duplicar o valor da gasolina no orçamento do analista de sistemas Marcel Ferreira. O Fiat Bravo e o Celta da esposa, Giselle Ferreira, somam, em média, cinco tanques e meio por mês. Como costumam viajar com um dos carros duas vezes por mês, o consumo aumenta em mais dois tanques. Na soma, isso significa um gasto de até R$ 1 mil. “Não tenho muito o que fazer. A economia a gente já faz normalmente durante o mês. Na verdade, o reajuste vai afetar a nossa poupança. Vai sobrar menos”, revela.

O analista de sistemas costuma trocar os pneus dos dois carros sempre no inicio do ano, mas empurrou a substituição para o mês de julho. “Os pneus dos dois carros saem por R$ 1.100. Não posso repetir o mesmo erro de falta de organização cometido pelo governo nas minhas finanças”, diz.

Mercado
As concessionárias, entretanto, não estão preocupadas com a diminuição das vendas de veículos. “O reflexo existe no consumo do combustível e não na compra do carro. O principal fator que determina a compra do veículo é a necessidade, seja de locomoção ou de transporte de cargas”, afirma o vice-presidente regional da Federação Nacional de Veículos Automotores (Fenabrave-BA), Luiz Pimenta. 

Segundo ele, quem quer adquirir um veículo não vai deixar de comprá-lo por conta do aumento do preço da gasolina. “O consumidor vai economizar, vai deixar de viajar, vai gastar menos no combustível, mas não vai deixar de comprar. Com o tempo, vai se adaptar”, complementa.

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan Yabiku Junior, também compartilha da mesma opinião: “Qualquer aumento no custo tem um impacto no orçamento do consumidor, mas não afeta nem um pouco a decisão de compra e nem a indústria”.

 

Economista recomenda cortes para segurar peso do aumento
De acordo com o educador financeiro Edísio Freire, a solução para segurar o reajuste da gasolina está na eliminação das “gordurinhas” presentes no orçamento. “Cortar todo tipo de excesso no final das contas vai fazer uma diferença muito grande que pode garantir o equilíbrio,  mesmo com os reajustes que estão sendo feitos”.

Por experiência própria, ele diz que é possível reduzir até 30% dos gastos só com o corte do que é exagero ou desperdício. “Existem situações do dia a dia em que nós perdemos a noção de que estamos gastando. Quando você passa a controlar esses itens e fazer um policiamento com relação às pequenas coisas, a diferença é grande”. Freire recomenda que o consumidor experimente anotar o quanto gasta e em que gasta por dia. “No final do mês, você faz uma avaliação e vai ver muita coisa que pode ser eliminada”.

Fora isso, o educador financeiro dá algumas dicas, principalmente com relação às compras no supermercado e às promoções: “Evite levar crianças, para não cair na tentação e comprar o que não precisa. E se vir alguma promoção, mesmo que o produto esteja realmente mais barato, pondere a real necessidade de adquiri-lo naquele momento”, aconselha Edísio Freire, que  complementa: “Não abra mão também das pesquisas de preço. As ofertas são muito pontuais. Em um supermercado que as verduras estejam mais em conta, o preço da carne pode estar mais caro”.

Outro custo que tem um impacto muito grande no orçamento, principalmente com as novas bandeiras tarifárias, é a conta de energia. “É uma economia que vai ser essencial para manter o orçamento doméstico no controle. A energia vai passar a ser uma das despesas fixas mais caras do orçamento”. Atitudes simples, como tirar aparelhos da tomada e diminuir o tempo no banho, serão determinantes.

FONTE: Correio



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