A Ordem de Advogados do Brasil (OAB) deliberou pela suspensão do registro do advogado criminalista baiano João Neto. Ele foi preso em flagrante, no dia 14 de abril, sob acusação de agredir a namorada. O crime aconteceu em Maceió, capital do estado de Alagoas (AL).
João Neto, de 47 anos, tem milhares de seguidores nas redes
sociais, onde costumava publicar vídeos, em tom de deboche, sobre situações referentes
à Segurança Pública e ao Direito.
Nos vídeos, ele se dizia ex-policial militar e,
rotineiramente, emitia
declarações controversas sobre o papel dos agentes públicos no que tange ao
tratamento que deve ser dado a criminosos e infratores.
Também já teria incitado a violência contra mulheres, em
algumas postagens, e usado de ironia para afirmar uma suposta satisfação em
convencer a Justiça de que clientes que cometeram crimes eram inocentes. "A
cara de felicidade do advogado ao ouvir o cliente dizer: ‘Fui eu, doutor’… e,
ainda assim, conseguir convencer o próprio cliente — e a Justiça — de que não
foi ele! Alvará expedido, o cliente será solto, a família fazendo o pix",
escreveu.
A Polícia Militar da Bahia (PMBA), no entanto, desmentiu a informação
de que o jurista já tenha integrado o quadro funcional da corporação. Na
ocasião, comunicou que o mesmo chegou
a ingressar no curso de formação de soldados, mas que
foi desligado há 15 anos, bem antes
da formatura, após uma denúncia de agressão e por ter sido flagrado
"utilizando meios irregulares para responder a uma avaliação", não
tendo sequer chegado a trabalhar nas ruas, como policial.
De acordo com a OAB, o que motivou a suspensão do registro de
João Neto não foi a acusação de violência de gênero em si. Conforme a entidade,
o processo ético disciplinar foi, sobretudo, instaurado por causa do
comportamento do jurista nas redes sociais e em diversos veículos
jornalísticos, dentre outras condutas irregulares.
A Ordem dos Advogados do Brasil enfatizou que João Neto usava
as redes sociais para ensinar as pessoas a se livrarem de crimes. A
suspensão do registro tem prazo de 90 dias e passou a vigorar nesta terça-feira
(13). A entidade destacou que não cabe recurso.
REVOGAÇÃO DA PRISÃO – Segundo o portal de notícias g1 BA,
o suspeito deixou o sistema prisional
de Alagoas na noite de ontem. A informação foi confirmada pela Secretaria
de Estado da Ressocialização e Inclusão Social (Seris).
A decisão foi expedida pela Justiça de Alagoas, que
determinou o cumprimento de medidas cautelares, dentre elas, o uso de
tornozeleira eletrônica. João Neto também deverá cumprir diversas outras
restrições. O processo tramita em Segredo de Justiça.
O CRIME – João Neto foi flagrado por câmeras de segurança do prédio onde ele e a namorada
viviam. Os vídeos mostram diversas cenas de agressão. Em um deles, a mulher é
arrastada, à força, para fora de casa e chega a cair no chão, juntamente com o
acusado. Em outro, a vítima aparece ensanguentada.
A defesa de João neto chegou a
divulgar uma das gravações, a fim de tentar sustentar a versão de que não houve
agressão, e sim uma tentativa de fazer a vítima sair do apartamento do
companheiro, mediante a suposta resistência dela em deixar o imóvel.
No entanto, a delegada Ana Luiza Nogueira, responsável
pelo caso, afirmou que as imagens apenas comprovam o que disse a vítima, em
depoimento. "Já tivemos acesso a
todos os vídeos e eles só corroboram o que foi dito pela vítima. Na verdade,
são vários vídeos e, juntando todos, mostram que realmente houve violência
doméstica", destacou a autoridade policial.
Nas imagens veiculadas pela defesa do advogado, a jovem de 25
anos, que não teve o nome divulgado, tenta se agarrar às paredes, no intuito de
não ser posta para fora de casa. Os empurrões continuam e a vítima é jogada no
chão. Nesse momento, um funcionário do condomínio passa pelo corredor, mas não
interfere.
O outro vídeo ao qual a polícia teve acesso mostra a cena por
um ângulo diferente. Nele, a mulher aparece na porta do apartamento e é
possível ver muito sangue no chão do corredor. Na ocasião, ela foi socorrida
para uma unidade de saúde privada de Maceió, tendo necessitado levar três pontos no queixo.
Em depoimento, a vítima contou que se mudou de Arapiraca, no
interior de Alagoas, para a capital do estado, a fim de morar no apartamento do
influenciador digital. Também afirmou que
os dois mantinham um relacionamento há cerca de dois anos e que ela já havia
sido agredida anteriormente.
Conforme a vítima, em episódio
anterior, ocorrido em outubro do ano passado, ela sofreu ferimentos na cabeça e também precisou ser levada
a um hospital.
*Com informações do g1
BA.