O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, neste sábado (10), que pretende ampliar a pesquisa e a exploração de minerais críticos no Brasil e que busca, na Rússia, as parcerias para esse projeto.
Lula cumpriu agenda em Moscou, na
quinta (8) e sexta-feira (9), e disse, ontem (10), que o Brasil não pode jogar
fora nenhuma oportunidade para a transição energética. Minerais como lítio, cobalto,
níquel, grafite e outros elementos das terras raras são essenciais para setores
estratégicos, como tecnologia, defesa e transição energética.
Segundo Lula, o Ministério de Minas e Energia (MME) já atua
na interlocução com empresas russas. “Nós temos a ideia de aumentar nossas
pesquisas e exploração dos minerais críticos, porque só se fala nisso, agora, e
nós achamos que o Brasil não pode jogar fora nenhuma oportunidade”, explicou,
durante coletiva de imprensa, antes de deixar Moscou.
O presidente brasileiro também enfatizou que “apenas 30% do
nosso território já foi pesquisado e ainda falta muita coisa para pesquisar”.
Ele ressaltou, ainda, que o Brasil deseja “construir parceria com todos os
países do mundo que têm expertise”, a fim de tirar proveito disso, com o
propósito de que “o Brasil se transforme numa grande economia”.
Lula lembrou que a Rússia é um parceiro importante na questão de óleo e gás e em pequenos
reatores nucleares. “Uma novidade extraordinária, para que a gente possa
ter energia garantida para todo o sempre”, destacou.
O político frisou que ter muita energia significa fazer o Brasil
subir de patamar em termos de economia mundial. “Nós sabemos da volatilidade da
energia nuclear e solar, nem sempre elas produzem a mesma quantidade. E nós
precisamos ter, num país que quer ser a sétima, a sexta, a quinta economia do
mundo, muita energia e garantia de que nunca vai faltar energia”, afirmou, lembrando
que o sistema brasileiro de distribuição energética já está quase 100%
integrado.
Déficit comercial – A visita de Lula ocorreu no contexto
das celebrações dos 80 anos da vitória
da União Soviética sobre a Alemanha nazista, na Segunda Guerra Mundial.
É o feriado mais importante do país e foi comemorado, na manhã da última
sexta-feira (9), com um grande desfile cívico-militar.
O presidente brasileiro também
cumpriu agenda de Estado com o presidente russo, Vladimir Putin, com quem quer
trabalhar para equilibrar a balança comercial entre as duas nações. “Nós temos um déficit comercial.
Nesse fluxo de, praticamente, US$ 12 bilhões, nós temos quase US$ 11 bilhões de
déficit comercial”, destacou.
O Brasil tem uma relação comercial importante com a Rússia, sendo
importador de dois produtos fundamentais: fertilizantes e óleo diesel. Também exportando,
principalmente, produtos do agronegócio, como soja, carne bovina, café não
torrado, carne de aves e suas miudezas, e tabaco.
Durante a visita, foram assinados dois atos: o primeiro sobre
cooperação em ciência, tecnologia e inovação; e outro sobre fortalecimento da
cooperação no campo da pesquisa científica básica e aplicada.
Antes da chegada de Lula à Rússia, uma comitiva brasileira,
integrada pela primeira-dama Janja Lula da Silva, foi ao país, a fim de
promover a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza e tratar da
cooperação na área de educação e cultura. A convite do governo russo, Janja
visitou a Universidade Estatal de São Petersburgo.
Ontem, Lula contou que será
agraciado com o título de doutor honoris
causa da instituição.
“Uma universidade em que estudou Lenin [importante nome do socialismo russo] e
uma universidade em que estudou Putin. E eu vou ser doutor honoris causa”, comemorou.
Agenda internacional – Após a entrevista, Lula embarcou em direção a Pequim, na China, onde participa da
cúpula entre o gigante asiático e países da Comunidade de Estados
Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), nos dias 12 e 13 de maio, além de realizar
visita de Estado. Cerca de 16 acordos bilaterais devem ser assinados.
Questionado sobre sua participação na missa de posse do papa Leão XIV , que ocorrerá no próximo dia 18
de maio, o governante disse que deve ser representado pelo vice-presidente,
Geraldo Alckmin (PSDB).
O motivo é a preparação para a visita de Estado que o
presidente fará à França, no início de junho. No país europeu, o mandatário
brasileiro também participará da Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, nos
dias 8 e 9 de junho, na cidade de Nice.
*Com informações da
Agência Brasil.