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  • Feira de Santana, quinta, 15 de maio de 2025

André Pomponet

Um Quarteirão Cultural para a Feira

24 de Abril de 2025 | 14h 27
Um Quarteirão Cultural para a Feira
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Sempre passo, ali, em frente ao prédio da antiga Biblioteca Municipal. Envidraçaram-na, poliram-na, embelezaram-na, mas nada da obra ser entregue. Lá se vão muitos anos, desde que tapumes de madeirite a cercaram. Foi antes da pandemia da Covid-19.

O sol, as chuvas, dias e noites foram deteriorando os tapumes e nada da obra andar. Pelo contrário, a pandemia também provocou a suspensão da reforma. Sob o fantasma do coronavírus, as manhãs e tardes, por ali, eram melancólicas. Ruído, só o do vento sacudindo as copas das palmeiras.

Assim, as novas gerações de estudantes não conhecem a Biblioteca Municipal. Jamais tiveram a oportunidade de avançar por seus espaços amplos e, lá dentro, manter contato com os livros. Mesmo que apenas com os didáticos, para aquelas pesquisas de praxe. Quase toda relação mais profunda com a leitura começa, a propósito, por meio desta iniciação.

Há quem alegue que, com todos os avanços tecnológicos, manusear livro de papel, escrever à mão, desenvolver a caligrafia são coisas do passado. A onda, hoje, é tudo digital.

Não sou teórico ou profissional da educação, mas tomo a liberdade de discordar. Aliás, até defendo que os excessos tecnológicos emburrecem e empobrecem. O ódio que viceja nas chamadas mídias digitais demonstra.

Enfim, o parágrafo anterior foi desperdiçado com uma digressão dispensável. Retomo: a Feira de Santana precisa de sua Biblioteca Municipal reaberta, recebendo gente, acolhendo as diversas manifestações artísticas da Princesa do Sertão.

Mais do que um amontoado de prateleiras que abrigam livros que acumulam poeira, a Biblioteca Municipal precisa se tornar um espaço atrativo para a cultura feirense, com pequenas exposições e intervenções artísticas.

Aliás, pouca gente percebe, mas aquele trecho inicial da Rua Geminiano Costa poderia se tornar um ativo polo cultural para a Feira de Santana. Quase ao lado da Biblioteca Municipal, há o Museu de Arte Contemporânea.

Há pouco tempo, foi instalada, bem perto, a Secretaria Municipal de Educação, no antigo Feira Tênis Clube, que pode dar suporte e ajudar a alavancar a cultura local. Nem tão longe está a esquecida e abandonada Praça do Fórum. É outro logradouro que pode abrigar apresentações artísticas.

Não faltará quem diga que é devaneio, delírio, pensar nessas coisas na Cidade Comercial de Feira de Santana. Cultura, por aqui, é coisa de utópicos e sonhadores, adverte a gente sisuda. Até aqui, isso não deixa de ser verdade. Mas foram esses utópicos e sonhadores que lançaram as sementes de uma Princesa do Sertão artística, culta, letrada. Muitos frutos, vistosos, são visíveis.

Mas nada impede que mais gente – e mais iniciativas – somem-se, contribuindo para a construção de uma Feira de Santana culturalmente vibrante. Nesse processo, o papel dos órgãos públicos é fundamental. Muito já existe aí, germinando. Basta dialogar, acolher as melhores ideias e construir um futuro diferente do passado.

Reabrir a Biblioteca Municipal é um primeiro e importante passo!



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