Todo mundo sabe que a Feira de Santana não abriga um mercado financeiro, nem dispõe de uma Bolsa de Valores. Mas, embora fisicamente distante, esses ambientes produzem significativos efeitos sobre a economia local.
Regional, interiorana, sertaneja, a Feira de Santana, no
entanto, é globalizada. Globalizada pelo seu comércio dinâmico, em grande
medida abastecido por produtos importados, muitos deles da China distante.
Obviamente, a Princesa do Sertão não passaria incólume pelo
“tarifaço” do tresloucado Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. O
“tarifaço” sacudiu os mercados financeiros, reverberando sobre as moedas, mundo
afora. Entre elas, o dólar, moeda de curso internacional, largamente utilizada
nas transações comerciais entre países.
É o dólar a referência de preços dos produtos embarcados na
distante China e que, mais à frente, estarão nas gôndolas à disposição dos
consumidores feirenses.
Oscilações no valor do dólar – em relação ao real – aumentam
ou diminuem os preços dos produtos comprados pelos feirenses. Numa palavra,
gera inflação. Ou não, a depender da apreciação ou depreciação.
Pois bem: o tsunami econômico produzido por Donald Trump
causou intensa oscilação no valor do dólar, até aqui. Inicialmente, até caiu –
chegou a R$ 5,62 –, mas, com os desdobramentos do “tarifaço”, começou a subir,
bordejando os R$ 5,90. Vai subir até quando? Há chance de cair? Essa resposta,
infelizmente, ninguém tem.
Quem frequenta os corredores coloridos, estreitos e agitados
do Feiraguay pode, lá adiante, se deparar com preços mais elevados, em função
do tresloucado “tarifaço”. Mas não apenas por lá: os produtos made in China estão amplamente
disseminados pelo comércio feirense, sobretudo no afamado comércio de rua. Os
impactos, portanto, devem se refletir sobre boa parte dos bolsos.
Os analistas econômicos de plantão tateiam, tentando
encontrar um provável rumo ou rumos. Mas as incertezas se avolumam e, no
tabuleiro econômico, chegou o momento de todos os jogadores se posicionarem,
quase simultaneamente.
Nunca aquelas piadas sobre os erros de “previsões” dos
economistas encontraram terreno tão fértil. O fato é que o movimento
tresloucado de Donald Trump vai alcançar as praças Padre Ovídio, Presidente
Médici – onde funciona o Feiraguay – e adjacências.
Será possível sentir, no ar, a tensão provocada pelas
incertezas econômicas, que se somará ao tráfego frenético, ao ir-e-vir de
consumidores, à agitação mercantil expressa nos milhares de produtos expostos.
Obviamente, não ficará restrita àquilo lá: avançará pela
Conselheiro Franco, irradiando-se pelos becos próximos – mesmo naqueles mais
desertos – e se espraiando pela Senhor dos Passos, pela Getúlio Vargas.
Mesmo no Centro de Abastecimento – junto ao famoso Shopping
das Compras –, logo chegará esta tensão dos intensos desarranjos econômicos.
Desta vez, produzido pela decisão unilateral de alguns lunáticos.
Embora tudo esteja imprevisível, mutável, inconstante, uma certeza começa a se afirmar sobre a volatilidade do caos: o mundo, a partir daqui, não será mais o mesmo...