Nos últimos dias, circula a informação, no noticiário, que o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) firmaram, mais uma vez, uma trégua. Talvez seja mais que uma trégua, uma aliança. Possivelmente, não se trata de boato ou especulação, mas a informação ainda carece de efetiva confirmação.
Há tempos, as duas facções sustentaram uma parceria que se
iniciou no começo dos anos 2000 e se estendeu até, aproximadamente, 2016.
Depois, vieram as desavenças e uma carnificina, que começou nos presídios e
ganhou as ruas de boa parte do País.
Nas maiores cidades do Nordeste, o conflito ganhou proporções
quase que de guerra civil. Alguns municípios da região – incluindo a Feira de
Santana – figuram entre os mais violentos do mundo. Criteriosos levantamentos
sinalizam para essa triste realidade, ano a ano.
Ironicamente, a matança pode se reduzir com a potencial
aliança. Afinal, esta pode induzir um cessar-fogo, com a consequente queda no
número de assassinatos. Triste realidade: a ação do poder público, em si, não
inibe a criminalidade; é o sinistro pacto entre líderes da bandidagem que pode
controlá-la.
É claro que, Brasil afora, governantes e autoridades
policiais sempre capitalizam as pontuais reduções nos índices de criminalidade.
Quando estes sobem, a culpa é de quem morre ou da família de quem morre. O script é invariável, do Oiapoque ao
Chuí.
Será que a cogitada aliança – caso se confirme – terá alcance
para induzir um cessar-fogo nas periferias e bolsões de pobreza da Feira de
Santana, por exemplo? Será necessário aguardar os desdobramentos.
Por enquanto, no Brasil, o crime não está inteiramente
hierarquizado, sobram facções minúsculas e quadrilhas que escapam destas
tratativas da elite mafiosa. Pode ser o caso da Feira de Santana.
Caso os conchavos produzidos pelos líderes da bandidagem produzam resultados efetivos nas ruas, só parte da violência vai declinar. Afinal, milícias e milicianos crescem no País, conforme atesta o noticiário. E há, também, a assustadora vertente da violência policial – a oficial – que assegura ao Brasil o nada honroso título de uma das polícias que mais matam no mundo...