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André Pomponet

Uma consumista manhã de sábado

André Pomponet - 13 de Fevereiro de 2025 | 11h 21
Uma consumista manhã de sábado
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Sábado foi dia agitado no centro da Feira de Santana. A Avenida Senhor dos Passos estava tomada de consumidores – havia até aglomeração na calçada em frente a uma loja de material escolar – e o ir-e-vir era trabalhoso. Muita gente circulava com embrulhos e sacolas.

Na Sales Barbosa, na Marechal Deodoro, na Conselheiro Franco, no Feiraguay – enfim, em todos os espaços comerciais do centro – havia movimento intenso.

É bom notar que o fluxo não se resumia às calçadas. No interior das lojas, havia gente comprando. Além do material escolar, havia movimento em lojas de calçados, de confecções, de artigos domésticos, de acessórios para celular... Resumindo, muita gente foi às compras, com aquele ímpeto que se notava há uns dez anos.

Janeiro foi mês de paradeiro, depois do êxtase consumista das festas de final de ano. No fim de semana passado, muita gente havia embolsado os salários e contribuiu para o fluxo intenso.

Obviamente, ao longo do mês, o movimento reflui e só se reaquece mais à frente. É algo sazonal, como parte das demais atividades econômicas.

Mas, afinal, o que se deseja sinalizar com toda essa extensa introdução? Algo simples, até pueril. É que, ao contrário do que se apregoa em parte do noticiário, o Brasil não está imerso em uma profunda crise econômica, nem a população está assim tão na penúria, passando terríveis privações. Tampouco há, por aí, uma galopante hiperinflação.

O que explica, então, o azedume dos sábios do “deus mercado”, de parte da imprensa, da elite empresarial, dos políticos reacionários? Há uma franca e indisfarçada disposição de apear o presidente Lula do poder.

Investe-se, assim, na fantasia da economia em bancarrota, da inflação galopante, da estagnação estrutural. O discurso do caos, visando 2026.

É claro que o Brasil não está às mil maravilhas. Mas, na última década, o cenário foi sempre bem pior. E era ainda pior para o povão, a massa que peleja no trabalho precário e cujo acesso até ao que é essencial é difícil. Parte dela, hoje, consome, embora ainda aquém do necessário. Mesmo assim, circulava pelo centro da Feira de Santana, no sábado.

Os tempos, hoje, são estranhos. Forjam-se realidades que não têm amparo na realidade e disseminam-se estas versões, que acabam acatadas por muita gente. Mesmo que, diante dos seus olhos, os fatos as desmintam.

Não, neste quesito o Brasil não mudou muita coisa desde 2022. Pior ainda: 2026 tem tudo para ser ainda mais turbulento. Afinal, visões criativas da realidade já estão aí na praça, antecipando o próximo ciclo eleitoral...



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