Os primeiros dados acerca dos perfis dos candidatos aprovados no Concurso Público Nacional Unificado (CPNU) revelam que cerca de um terço deles é composto por negros, indígenas e Pessoas com Deficiência (PCD).
Foram aprovados brasileiros em todos os 26 estados, mais o
Distrito Federal (DF). Eles ocuparão as 6.640 vagas disponibilizadas em 21 órgãos
da Administração Pública Federal.
As informações foram divulgadas, na tarde desta terça-feira
(4), pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), após
os resultados individuais de todos os candidatos terem sido disponibilizados, na manhã de ontem.
Diante dos resultados, Esther Dweck, titular do MGI, reafirmou
o compromisso do primeiro CNU com a democratização e a inclusão. “A lógica da
democratização, de ter mais diversidade no serviço público, conseguir ter
servidores públicos com a cara do Brasil. Esse era o nosso grande objetivo com
esse concurso e conseguimos cumprir”, destacou.
Durante uma entrevista
coletiva, a gestora adiantou que, em breve, o órgão anunciará a segunda
edição do Concurso Público Nacional Unificado.
Ações afirmativas – O MGI destacou que o CPNU trará diversidade ao serviço
público, em função do perfil dos aprovados. Os dados mostram que 18,8% dos
inscritos se autodeclararam negros. Agora, o percentual de candidatos negros aprovados
é de 24,5%.
Os candidatos autodeclarados indígenas formavam 0,46% dos
inscritos no processo seletivo. Agora, compõem 2,29% dos aprovados. Já as pessoas
com algum tipo de deficiência somaram 2,06% das inscrições confirmadas.
Atualmente, elas são 6,79% dos aprovados.
Em sua fala, Esther Dweck reforçou a importância das ações
afirmativas e de inclusão também a partir dos concursos públicos. Ela acredita
que isso contribuirá para a transformação do estado brasileiro.
A ministra evidenciou, ainda, que houve aprovação para todas
as vagas disponíveis para cotas afirmativas. “A cota já nos dá um piso, o
que é muito importante. Mas fomos além disso, inclusive, em comparação com
a proporção de inscritos, sem contar o cadastro de reserva, que tem uma
proporção importante”, observou.
Gênero – Quando considerados os dados de gênero dos aprovados,
63% são correspondem ao masculino e 37% ao feminino. Para a titular do MGI,
apesar dos dados revelarem um desequilíbrio, em termos de gênero, se comparado
a outros concursos, o CPNU registrou um maior número de mulheres aprovadas,
em relação a outros certames.
Esther Dweck lembrou, ainda, que, mesmo que o percentual de
inscritos no processo seletivo tenha sido maior entre as mulheres, as
candidatas também representaram a maior taxa de não comparecimento no dia da
prova, que foi realizada em 18 de agosto de 2024.
A gestora explica que, na divisão dos blocos temáticos, no
entanto, o bloco 5, composto de carreiras públicas relacionadas à educação,
saúde, desenvolvimento social e direitos humanos, as mulheres equivalem a 60,3%
das vagas e os homens, 39,7%. Na outra ponta, o bloco 2, de tecnologia, dados e
informação, os aprovados são, em sua maioria, do sexo masculino (91,6%).
Segundo a ministra, este é um reflexo da realidade da
sociedade brasileira. “Há uma baixa participação de mulheres nestas áreas,
assim como nas áreas dos setores econômicos de regulação que, historicamente,
também, é baixa a participação de mulheres, seja nos cursos de graduação, seja,
também, no mercado de trabalho. Isso se refletiu aqui também”, realçou.
Localidades – Os aprovados no chamado Enem dos Concursos são oriundos
de 908 municípios brasileiros. Esther Dweck comemorou a decisão de interiorizar
o concurso, a partir da aplicação das provas objetivas e dissertativas em 218
municípios de todas as 27 unidades federativas.
A ministra também falou sobre o porte dos municípios e a
quantidade de habitantes. “Lembrando que municípios acima de 200 mil são pouco
mais de cem. Então, ter 908 municípios significa que o concurso pegou pessoas
de municípios médios, também, e, talvez, pequenos”, frisou.
Entre os candidatos aprovados, 26% são da região Nordeste. A
região Norte contabilizou 5,6% dos aprovados. Juntas, os dois territórios somam
31,6% dos aprovados.
Já o Centro-oeste tem 25,6% dos aprovados, com destaque para
os candidatos do Distrito Federal. A unidade da federação teve a maior
participação no concurso e a menor taxa de evasão.
O Sudeste, que se configura como a região mais populosa do
país, registra 32,9%, ou seja, aproximadamente, um terço dos aprovados no
certame. Por fim, o Sul registrou 9,8%, dos quais 4,4% dos aprovados são do Rio
Grande do Sul.
O Distrito Federal também teve o maior percentual de
aprovados, com 20,12%. Depois, aparece o Rio de Janeiro, com 11,3%. Na
sequência, estão São Paulo, com 10,44% dos aprovados; e Minas Gerais, com 9,32%.
Faixa etária – Em relação à idade dos
candidatos, um em cada
sete aprovados no concurso unificado tem entre 25 e 40 anos. Se considerada a
faixa etária entre 25 a 35 anos, este grupo equivale a 46% dos aprovados.
A análise inicial do Governo Federal é de que essa
distribuição etária seria fruto do represamento, ou seja, da ausência de
concursos públicos federais na última década. “Quem se formou dez anos atrás
tinha expectativa de virar servidor público e não houve concurso, neste tempo.
Eles puderam fazer o concurso só agora. Então, houve uma concentração bastante
relevante entre 30 e 35 anos. E tem a faixa de 25 a 30, que é, normalmente, de
pessoas recém-formadas que estão ingressando no mercado de trabalho”, analisou
a ministra.
Opções de cargos – Por último, o MGI aponta que 76,8% dos aprovados
conquistaram vaga em uma de suas três opções de cargos indicadas no momento de
inscrição do certame, no primeiro semestre de 2024.
Os percentuais de aprovados estão distribuídos da seguinte
forma:
- 47,97% foram aprovados para a primeira opção de cargo feita
e, portanto, estes não farão parte de qualquer cadastro reserva do concurso;
- 17,45% foram aprovados na segunda opção de cargo;
- 11,39% foram aprovados na terceira opção.
O MGI entende que os resultados podem indicar compromisso com
a futura carreira e satisfação no trabalho. “Muita gente está bem contemplada
com suas escolhas. Então, essa metade que já está bem satisfeita não vai querer
mudar de profissão, de carreira, depois dessa rodada”, prevê Esther Dweck.
*Com informações da
Agência Brasil.