A Polícia Civil da Bahia (PCBA) confirmou que a ossada encontrada na zona rural do município de Itiúba, na região Norte do estado, é do garoto Davi Lima Silva. O menino, de 12 anos, desapareceu há três anos e nove meses.
Segundo o inquérito, a criança foi vista pela última vez no
dia 28 de março de 2021, quando passava férias na casa da avó, no povoado de
Varzinha das Olarias, mesma área onde os restos mortais foram localizados. A
corporação informou à família, acerca da identificação, na noite desta
terça-feira (14).
A ossada da vítima foi achada, em novembro do ano passado,
por vaqueiros. O local é considerado de difícil acesso. Antes, nenhuma pista sobre
o paradeiro da criança havia sido encontrada.
Conforme a Polícia Civil, exames periciais complementares serão
realizados, a fim de esclarecer as circunstâncias da morte do menino. Durante
todo o período em que a vítima esteve desaparecida, Lilia Lima e Edson Alves, pais
de Davi, lutaram para que o caso não caísse no esquecimento.
Segundo eles, os investigadores diziam que se tratava de uma
"situação complexa, sem indícios de crime". A investigação, de acordo
com a Polícia Civil, corria em segredo de Justiça.
O desaparecimento da criança foi apurado, inicialmente, pela
Delegacia de Itiúba, município em que Davi foi visto pela última vez. Após incessantes
pedidos dos pais, o caso acabou sendo transferido para Salvador, onde o menino vivia
com a família.
Conforme a mãe, enquanto o caso esteve sob a tutela da
Polícia Civil em Itiúba, houve uma troca de delegado. Com isso, eles precisaram
voltar à cidade para repassar as mesmas informações já prestadas ao novo
titular.
Por causa disso, Lilia Lima disse ter solicitado que o
inquérito fosse remetido à unidade da Polícia Civil localizada na capital
baiana.
O desaparecimento – Davi Lima sumiu no quarto dia de viagem com os pais,
que têm parentes em Itiúba. A mãe, que é fotógrafa, havia sido contratada para
fazer um ensaio com um casal, no município.
Por conta disso, ele deixou o garoto com a irmã, tendo voltado
menos de duas horas depois. Nesse intervalo, a criança desapareceu. Ao se dar
conta do fato, ela, os demais familiares e os vizinhos deram início a uma busca
incessante, em uma área de mata da região, mas o menino não foi encontrado.
A procura por Davi envolveu, ainda, uma equipe do Corpo de
Bombeiros, cães farejadores e helicópteros. No entanto, apenas uma das sandálias
que o menino usava foi achada.
Na ocasião, os bombeiros deduziram que o calçado havia sido
plantado no local. Isto porque várias pessoas que ajudaram a procurar a criança
afirmaram ter passado no local e não visto o item. Além disso, os cães farejadores
foram até a sandália e retornaram.
O comportamento dos animais, segundo a polícia, indicava que
o cheiro de Davi não prosseguia para a mata. "Os cães chegaram a farejar,
mas foi só em um determinado local. Então, eles descartaram a possibilidade de
ele ter subido a serra descalço", contou a mãe, em uma entrevista
concedida ao portal g1, em 2022.
Lilia ressaltou que todos acharam que o garoto tinha subido a
serra. Por isso, este foi o primeiro local de procura. Como a sandália da
criança não estava lá, antes, ela disse que o mais provável é que tenha sido
colocada ali, posteriormente. “A sandália foi plantada, porque passaram de seis
horas até meia-noite e não estava lá. Passei várias vezes e ninguém encontrou a
sandália, mas, meia-noite, apareceu do nada, como se fosse mágica. Então, é
alguém que sabe o que houve e colocou a sandália ali", deduziu.
A Polícia Civil e o Departamento de Polícia Técnica
realizaram, no dia 7 de março de 2024, a reprodução simulada dos eventos
ocorridos na ocasião do desaparecimento do menino. A reconstituição foi feita
no povoado de Varzinha.
Na época, a 19ª Coordenadoria de Polícia do Interior, sediada
na cidade de Senhor do Bonfim, na mesma região, informou que o evento contou
com a participação de 36 policiais, entre peritos, delegados, investigadores e
escrivães.
A ação visava encenar os fatos relacionados ao
desaparecimento de Davi, com o intuito de esclarecer a dinâmica do ocorrido e
formar convicções para a conclusão do inquérito. Os resultados, porém, não
foram divulgados.
Segundo a mãe de Davi, os investigadores aventaram a
possibilidade de que a vítima tenha sido sequestrada entre as casas da irmã e
da mãe dela. A distância entre os imóveis é de menos de 300 metros.
Entretanto, a informação intrigou a família, uma vez que
ninguém viu o garoto passar. "O incrível é que têm pessoas que estavam ali
perto. Só um senhor que falou que viu ele no fundo da casa dele, mas, depois,
entrou e não viu para onde ele foi", relatou a fotógrafa.
Segundo a tia de Davi, no dia em que desapareceu, o menino
apresentava um comportamento estranho. Na ocasião, ela contou que ele estava muito
agitado e com pressa de retornar à casa da avó. No entanto, o garoto nunca chegou
ao destino pretendido.
*Com informações do g1
BA.