Tribuna Feirense

  • Facebook
  • Twiiter
  • 55 75 99801 5659
  • Feira de Santana, segunda, 10 de fevereiro de 2025

André Pomponet

A fumaça eterna na Queimadinha

André Pomponet - 07 de Janeiro de 2025 | 12h 34
A fumaça eterna na Queimadinha
Foto: Ilustração

No final da tarde de sábado (4), fazia um calor sufocante. O sol preparava-se para mergulhar no horizonte. Típica tarde de verão. Quem olhava na direção da Lagoa do Prato Raso, ali na Queimadinha, no entanto, ficava com a sensação de que a vegetação estava coberta por uma névoa, dessas que se vêem no começo das manhãs de inverno.

A ilusão, porém, desfazia-se rápido, porque a suposta névoa mudava de forma rapidamente, revelando-se com uma espiral de fumaça.

Nesta época do ano, é comum se ver espirais de fumaça pela cidade. É fruto do calor, que costuma alcançar os 40 graus de sensação térmica. Aquela fumaça, porém, não é eventual. Há quase dois meses, ela desprende-se do solo e encobre o casario da Queimadinha.

À noite, trafegando pela Avenida José Falcão – que fica do lado oposto ao foco de incêndio, junto à lagoa –, é possível sentir um forte cheiro de queimado. São fios, plásticos ou outro composto químico qualquer? É provável.

O certo é que o cheiro denso provoca mal-estar em quem trafega de carro, mesmo com os vidros fechados. Imagine quem mora no entorno e é forçado a respirar aquela fumaça, o tempo todo.

Vendo a cena dias a fio, lembrei de Prometeu – o da mitologia grega – e do fogo eterno. Não se vêem as chamas na Queimadinha, mas, por lá, desprende-se uma espécie de fumaça eterna. Começou em novembro, atravessou todo o mês de dezembro e segue no novo ano, firme e forte.

O problema é prático, mas algumas indagações sempre surgem. Como é que, numa cidade do porte da Feira de Santana, não se consegue apagar um fogo que atormenta parte da população? Se fosse em área nobre, o foco já teria sido controlado? A quem os moradores devem recorrer, para resolver o problema? Confesso que não encontrei respostas.

Não é de hoje que a população feirense pena com a inação na área ambiental. O desprezo pela natureza, aqui, sempre foi ostensivo. Mas, pelo jeito, está piorando. É comum a população celebrar, ironicamente, aniversário de buraco. Talvez, lá adiante, a fumaça no Prato Raso passe a figura no rol dessas anticelebrações.

 



André Pomponet LEIA TAMBÉM

Charge da Semana

Charge do Borega

As mais lidas hoje