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Economia

Gastos com material escolar impactam orçamento de 85% das famílias brasileiras

02 de Janeiro de 2025 | 12h 10
Gastos com material escolar impactam orçamento de 85% das famílias brasileiras
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

As famílias brasileiras gastaram R$ 49,3 bilhões com materiais escolares, em 2024. O montante representou um aumento de 43,7% ao longo dos últimos quatro anos.

A estimativa foi levantada por uma pesquisa inédita do Instituto Locomotiva e QuestionPro, que mostra esse tipo de compra impacta o orçamento de 85% das famílias brasileiras com filhos em idade escolar e que de um a cada três compradores pretende parcelar, a fim de dar conta das despesas para o ano letivo de 2025.

De acordo com a Agência Brasil, ao todo, foram realizadas 1.461 entrevistas com homens e mulheres maiores de 18 anos, em todo o país. Os questionários foram aplicados entre 2 e 4 de dezembro.

Segundo o estudo, a maioria dos pais e responsáveis de estudantes, tanto da rede pública quanto da rede privada, disse que comprará materiais escolares para o ano letivo de 2025.

Destes, 90% têm filhos em escolas públicas e 96%, em estabelecimentos privados. A maior parte das famílias precisará comprar materiais escolares solicitados pelas escolas (87%), seguido de uniformes (72%) e livros didáticos (71%).

Os pesquisadores, diz a Agência Brasil, estimam que os valores gastos com materiais escolares aumentaram, ao longo dos últimos anos, passando de um montante nacional de R$ 34,3 bilhões, em 2021, para os atuais R$ 49,3 bilhões.

João Paulo Cunha, diretor de Pesquisa do Instituto Locomotiva, destaca que “é um gasto que vem crescendo e vem aumentando, também, o seu peso no orçamento das famílias com filhos”.

O gestor ressalta, ainda, que esse impacto atinge famílias com filhos em escolas públicas e privadas. “Muita gente acha que pais que estão com filhos em escolas públicas, por, teoricamente, ganharem o uniforme, o material, não têm nenhum gasto. Mas a realidade é muito diferente. Praticamente todos os pais que têm filhos em escolas públicas acabam tendo que, pelo menos, complementar parte do material escolar, parte do uniforme, e acabam, também, tendo um peso no orçamento doméstico por conta disso”, afirma Cunha.

A estimativa é que a maior parte dos gastos se concentre na classe B: R$ 20,3 bilhões. Na classe C, são R$ 17,3 bilhões. Juntas, elas são responsáveis por 76% dos gastos nacionais.

A pesquisa mostra, também, que a Região Sudeste concentra a maior porcentagem dos gastos: 46%. Depois, aparece o Nordeste, com 28%. O menor percentual está na Região Norte, 5%.

Esses valores impactam os orçamentos de 85% das famílias com filhos em idade escolar. O maior impacto, 95%, ocorre nas famílias de classe C.

Entre todos os entrevistados, 38% disseram que têm muito impacto no orçamento e 47%, que têm algum impacto. Apenas para 15% as compras de volta às aulas não têm impacto. “Isso acaba tendo que sair de outros lugares. Cada família vai ter um arranjo diferente para conseguir ter esse tipo de gasto. Alguns vão ter que recorrer ao crédito, outros vão ter que tirar do guardado, mas o fato é que a maioria relata o peso e o impacto no orçamento doméstico”, enfatiza João Paulo Cunha.

Diante disso, 35% disseram que irão recorrer ao parcelamento das compras para o ano letivo de 2025. Entre as famílias da classe C, essa porcentagem sobe para 39%. A maioria, entretanto, 65%, pretende pagar à vista. Entre as classes A e B, essa porcentagem é ainda maior, 71%.

Materiais escolares Ainda conforme a Agência Brasil, a Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE) ressalta que os aumentos dos custos com materiais escolares se dão, principalmente, por conta de fatores como inflação anual e elevação nos custos de produção, além dos preços de frete marítimo, no caso dos importados, e alta do dólar. Para 2025, a entidade estima um aumento entre 5% e 9%.

Sidnei Bergamaschi, presidente Executivo da ABFIAE, afirma que muitos itens das listas escolares são importados, a exemplo de mochilas e estojos. “Os itens que compõem a cesta, a lista escolar, vários deles são itens importados. E aí, obviamente, quando você pega um ano que tem uma taxa de dólar mais alta, quando você pega um período como, por exemplo, pós-pandemia, que o frete marítimo internacional explodiu, o mundo se tornou cinco vezes mais caro do que ele custava, tudo isso acaba tendo algum impacto de custo e que vai terminar lá sempre para o consumidor”, observa.

A ABFIAE defende programas públicos para aquisição de material escolar, como o chamado Programa Material Escolar. Implementado no Distrito Federal e nos municípios de São Paulo e Foz do Iguaçu, o projeto faz com que o poder público ofereça crédito a estudantes de escolas públicas para a aquisição dos materiais.

Conforme o gestor da entidade, “isso tem permitido que alunos da rede pública possam acessar materiais diferentes e possam, também, comprar somente aquilo que ele precisa e aquilo que às vezes ele não tinha acesso”.

A Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares defende, ainda, a redução de impostos cobrados para esses produtos.

Segundo a entidade, em alguns itens, os tributos chegam a representar 50% do valor do produto. “Fizemos esse pleito na reforma tributária, que ele fosse enquadrado junto com alguns itens que foram reduzidos, porque, hoje, você tem, normalmente, na faixa de 40%, até mais de 40% de impostos nos itens da lista escolar. Então, isso tem um peso grande no valor final”, ressalta Bergamaschi.



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