Muita muvuca e pouca mudança - Tribuna Feirense

Tribuna Feirense

  • Facebook
  • Twiiter
  • 55 75 99801 5659
  • Feira de Santana, terça, 03 de dezembro de 2024

André Pomponet

Muita muvuca e pouca mudança

André Pomponet - 09 de Outubro de 2024 | 20h 40
Muita muvuca e pouca mudança

A lufa-lufa política acabou depois das eleições realizadas no domingo. Os foguetórios, as carreatas, as caminhadas, os santinhos distribuídos e os jingles tocados incessantemente – enfim, a muvuca – ficaram para trás. Restam, em muros, muretas e postes, os cartazes dos candidatos sorridentes. Com o tempo, vão se desfazer, perdendo a cor, enrugando e se desprendendo. Alguns eleitores apressam o serviço, desprendendo os cartazes de seus muros e portões.

Como se sabe, aos vitoriosos coube o júbilo; quem perdeu tentou sustentar o otimismo, enaltecendo o próprio desempenho, o que é do jogo; uns e outros se debruçam para esmiuçar números, mapear a distribuição de votos, aferir suas forças e fragilidades. Essas informações vão orientar condutas, permitir traçar rumos mais à frente.

No Legislativo feirense, há novidades. Não, não se trata de novos nomes, porque isso quase não aconteceu. Mas é que aquela pulverização partidária de outros tempos – as legendas de aluguel sempre elegiam algum azarão – já não tem a mesma amplitude. Quem coloca gente no parlamento são os partidos mais sólidos, amparados por robustos fundos eleitoral e partidário.

Em 2024 o União Brasil – partido do prefeito eleito José Ronaldo de Carvalho – elegeu sete vereadores, o que corresponde a um terço da Câmara Municipal. Na sequência veio o Progressistas, com quatro parlamentares; o Partido Liberal (PL) e o Partido dos Trabalhadores (PT), despontam com dois vereadores cada. São, portanto, 15. Os seis restantes representam, cada um, uma legenda.

Doze anos atrás, em 2012, o cenário foi bem diferente. Naquela ocasião o futuro prefeito José Ronaldo elegera-se para seu terceiro mandato. Seu partido – o então DEM – elegeu só dois parlamentares; a Câmara Municipal era bem heterogênea em termos partidários: os 21 vereadores representavam nada menos que 15 legendas.

O que explica essa concentração recente? As reformas políticas tocadas desde aquela época foram enrijecendo as regras eleitorais, o que incluiu cláusulas de desempenho para os partidos. Sem recursos, desde então alguns nanicos se fundiram e outros trilharão o mesmo caminho a partir de 2026. Dinheiro farto, de fato, só para as maiores legendas.

Ampliaram-se, também, recursos e vantagens para quem já está no poder. Quem está de fora, e tenta, enfrenta dificuldades crescentes. Não foi à toa que boa parte dos vereadores feirenses se reelegeu. Alguns que estavam afastados do Legislativo retornarão. Apesar de se reclamar muito dos vereadores pelas ruas, houve pouca mudança.

É que, no fundo, o povo reclama, reclama, mas reelege.



André Pomponet LEIA TAMBÉM

Charge da Semana

charge do Borega

As mais lidas hoje