Alguns
veículos da imprensa brasileira encontraram, como “grande notícia” do fim de
semana, uma medalha concedida por Jair Bolsonaro, o “mito”, ao presidente ultrarreacionário
argentino, Javier Milei. A honraria distinguia o destemperado dirigente do país
vizinho como “imorrível, imbrochável e incomível”, não necessariamente nesta
ordem. Sabe Deus que tipo de teste ou exame fizeram para julgá-lo assim.
O
fato é que o episódio até foi mais cômico que constrangedor. Na “cerimônia” de
entrega, mesmo caprichando no portunhol, a turma pouco se fez entender.
Foi necessário até um gesto com o punho para realçar o caráter viril do mimo.
Testemunha de tudo, a irmã do presidente hermano.
Fico
imaginando se os acólitos do “mito”, Brasil afora, não vão defender que se
aprove a honraria nos municípios. Afinal, muitos serão candidatos a vereador.
Seria uma maneira singular de reafirmar o compromisso com Deus, com a pátria,
com a família e – sobretudo – com os costumes conservadores.
Além
de reafirmar os valores conservadores, a “medalha do imbrochável” – vamos chamá-la
assim – renderia muito voto, com certeza. Sobretudo de postulantes à honraria.
Talvez rendesse comentários maliciosos, desconfianças, mas essas adversidades não
afligem o cristão, principalmente aquele que guarda sua fé e não teme os
maledicentes.
Talvez
pipoquem, portanto, na campanha eleitoral, propostas criando a “medalha do
imbrochável” por todo o Brasil. Será que nenhum acólito mais afoito do “mito” vai
recorrer à proposta para chegar à Câmara Municipal da Feira de Santana? Vá lá
que, por aqui, não faltem honrarias, que são distribuídas a migué, como reza a
gíria baiana.
Esta, no entanto, não seria
mais uma. Talvez tivesse uma conotação especial para a turma de Deus, da pátria,
da família. Afinal, só os machos – os verdadeiramente machos –
seriam regalados. É uma proposta boa. Vai que algum postulante à edilidade
feirense abrace a ideia? Por aqui, tudo é possível...