Está tramitando, no
Congresso Nacional, um Projeto de Lei (PL) que propõe a abertura e a
legalização dos Jogos de Azar, particularmente, dos cassinos. Não se trata,
aqui, do lazer popular. A questão é outra. Quer-se legalizar a alta indústria
dos jogos, que são uma ilusão para muitas pessoas e assegura fortunas para
proprietários.
ALEGA-SE que a abertura dos Jogos de Azar
poderá ser fator de desenvolvimento econômico, incentivo ao turismo, às
estâncias hidrominerais, gerar empregos e, até mesmo, beneficiar obras sociais.
Esses argumentos são frágeis, porque se priorizam valores econômicos, em
detrimento de valores familiares, éticos e morais. Há outros modos de
incentivar o turismo e a solidariedade.
LEGALIZAR os Jogos de Azar significa fomentar
a sorte e o ganho fácil como ideal de vida, em vez de valorizar o trabalho
humano honesto e perseverante. Rompe-se a harmonia doméstica pela inquietação
que se abate sobre o lar, diante da atração que, aos poucos, domina os
jogadores, com o perigo de dilapidar o patrimônio familiar. Quem não conhece
casos de desespero dos que perdem tudo nas apostas, acarretando desequilíbrio
econômico, psíquico e até tentativa de suicídio?
O AMBIENTE dos Jogos de Azar, principalmente
dos cassinos, quase sempre, acarreta efeitos negativos sobre as famílias, de
modo todo especial, à juventude. Favorece a vida noturna, o consumo de bebidas
alcoólicas, de drogas e abre portas para a prostituição. Além disso, afeta a
convivência familiar e a educação dos filhos, diante do mau exemplo dos pais e
das mães. Em tais recintos, também, será difícil evitar a lavagem de dinheiro,
o narcotráfico e a corrupção.
A QUEM interessa a abertura de casas de
jogos? Somente àqueles que pretendem explorá-las. Por isso, promovem pressões
sobre políticos, empresários e formadores de opinião púbica para legalizá-las.
Porém o erro não cria acerto, mas perverte a hierarquia de valores. As leis
devem ter um valor formativo e não devem induzir a erro que prejudique as
famílias. Quem ama o Brasil deve incentivar o trabalho, o estudo, o esporte, e
não Jogos de Azar.
QUE FUTURO nós queremos para o Brasil? Que exemplo e formação queremos oferecer aos jovens, se os Jogos de Azar afetam a saúde física, psíquica, ética e moral? Pedimos a Deus, pela prece das famílias e comunidades, que, para o bem do Brasil, especialmente de nossa juventude, nos preserve desse mal e ilumine nossos deputados e senadores na rejeição desse projeto de legalização de Jogos de Azar no país.
*Dom Itamar Vian é Arcebispo Emérito de Feira de Santana
(di.vianfs@ig.com.br)