A manifestação feita por Bolsonaro na Avenida Paulista
mostrou uma realidade que o país não pode fingir que não existiu. Logo após o
8/1, Bolsonaro, não teria nenhuma
capacidade de realizar uma mobilização com tamanha expressão. O maior responsável pelo retorno do ex-presidente e 750.000 mil pessoas
à Paulista é o STF. Ele é o grande responsável pela rejeição que catalisou a
manifestação que tem em Bolsonaro só uma representação. O STF, em primeiro momento, teve uma ação decisiva na
defesa da democracia, mas não resistiu
ao canto da sereia e deixou-se encantar pela própria voz. O genial Millor
Fernandes costumava dizer que o poder era um camaleão ao contrário: ao chegar
lá todos tomam a cor dele.
Ao longo desse um ano o STF foi construindo um sentimento de
profunda indignação entre os brasileiros. Não é à toa que pesquisas mostram que
mais de 50% dos brasileiros acreditam que vivem sob a ditadura do Judiciário.
Por outro lado, as falas dos ministros - sem apego a liturgia do cargo-
sedimentam cada vez mais a impressão que havia um alinhamento entre STF e TSE
para beneficiar o candidato Lula- desde a mudança de jurisprudência a respeito
da prisão em transitado e julgado até a anulação das sentenças contra o atual
presidente. A aniquilação da Lava-Jato- que merece críticas procedimentais-,
mas que nunca condenou um inocente tem sido colocado na conta da Suprema Corte.
Como agravante, as recentes inacreditáveis decisões monocráticas de Ministros
anulando multas de empresas condenadas que fizeram acordo de leniência,
deixaram ainda mais a impressão de que o STF não tem o necessário vigor no
combate à corrupção contrariando o interesse dos pagadores de impostos.
Além disso, o STF tem perpetrado atrocidades e violações
Constitucionais ao conduzir alguns inquéritos- do famigerado inquérito do fim
do mundo ao malfadado inquérito do Aeroporto de Roma- assumindo o papel de
vítima, polícia, Ministério Público e juiz. Para isso utiliza as mesmas prisões
preventivas prolongadas que condenou na lava-Jato, censura de opinião, invasão
de domicílios, atropelamentos processuais. Aliás, não podemos esquecer o tristemente
célebre voto de Carmem Lúcia sobre censura: "a censura é proibida em nossa
Constituição, mas, vou autorizar só essa vez". Há a morte de um preso de
8/1 na cadeia, cujo pedido de liberdade já liberado pela PGR não foi executado por
Alexandre de Moraes, não se podendo negar sua responsabilidade. A saída de Lewandowski,
do STF, para o Ministério da Justiça soou tão parcial e escandalosa quanto a
ida de Moro para o mesmo cargo no governo Bolsonaro. Enquanto isso, Ministros
confraternizam em camarotes carnavalescos com delatados da Lava-Jato, frequentam
escolas de bicheiros, liberam a si próprio para julgarem processos em que
familiares atuem, e vão erodindo violentamente a imagem do STF , resultando na
fala do ex-Desembargador Sebastião Coelho de que os Ministros eram " as
pessoas mais odiadas desse país"
Esse conjunto de
ações foram criando a percepção de um
ativismo partidário ou direcionado ao governo atual que tem sua parte de rejeição profunda entre o eleitorado do país. Isso
permite a Bolsonaro aproveitar-se dessas ações para sinalizar a ideia de ser
perseguido político pelo STF. Há um ano
atrás jamais conseguiria botar uma Kombi de gente nas ruas. Agora, bota uma
multidão. Não se pode negar ao STF sua parte nesse latifúndio.