Resgatar a ancestralidade, desenvolver o sentimento de
pertencimento e valorizar a beleza negra estão entre os objetivos do projeto
Sementes Ancestrais, atividade interdisciplinar realizada com os estudantes da
Escola Cívico-Militar Municipal 15 de Novembro, no distrito de Jaíba, zona
rural de Feira de Santana.
Segundo a vice-diretora da instituição, Rúbia Machado, a
iniciativa surgiu a partir da constatação de que quase todo o corpo discente é
afrodescendente, sendo importante buscar formas de estimular o sentimento de
pertença. “Mais de 90% dos nossos estudantes são afrodescendentes e o projeto
vem com o objetivo de levá-los a conhecer sua ancestralidade, desenvolvendo o
sentimento de pertencimento. Essa imersão na cultura afrodescendente possibilita
o fortalecimento e o reconhecimento de suas potencialidades e possibilidades de
escolha. Todos podem ser e estar onde quiserem”, explicou.
A atividade integra o projeto político-pedagógico da
instituição e, todos os anos, envolve a comunidade escolar. Em 2023, professores
e estudantes trabalharam 14 subtemas, dentre eles, o surgimento das feiras no
Brasil, desde o período da escravidão, e a fotografia e autoestima de pessoas
negras.
Na turma de sétimo ano, o subtema “Retratos Negros” possibilitou
aos estudantes uma nova concepção de imagem sobre eles mesmos e sobre o mundo.
A atividade foi dividida em três momentos: conhecimentos teóricos sobre a
fotografia, prática com oficina e workshop sobre autoimagem e autoestima
negra. “Os meninos estudaram sobre fotografia, primeiro. Logo depois, tivemos
uma oficina de fotografia com o João Rego, que é nosso parceiro. Ele falou
sobre luz e os tons de pele negra. Por fim, tivemos um momento de catarse do
projeto, com a psicóloga Halley Victoria Lôbo, para entender de que forma esses
meninos se viam e foi muito especial”, disse Rúbia Machado.
A estudante Kelly Vitória da Silva Conceição afirmou que a
dinâmica foi muito importante, uma vez que permitiu que os alunos mudassem a maneira
como se enxergavam. “Com ajuda de todos, conseguimos nos sentir maravilhosos”,
contou.
Keirrison de Jesus Vitório, também aluno da escola, ressaltou
que, após passar pela experiência, começou a se sentir muito bem com a própria imagem.
“Eu ficava pensando sobre como as pessoas me viam, se me achavam feio e consegui
abrir mão desse pensamento. Eu me vejo incrível, uma pessoa boa, pessoa bonita,
amigável e gente boa”, descreveu.
O projeto Sementes Ancestrais acontece durante todo o ano
letivo e envolve diversas atividades, dentro e fora de sala de aula, como
pesquisas, oficinas e visitas. A culminância da atividade acontecerá no
dia 30 de novembro.