A Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) notificou,
nesta quarta-feira (7), em caráter extrajudicial, o Comando de Mobilização
Estudantil (Comob) acerca da imediata necessidade de liberação do
pórtico e do restabelecimento do livre e pleno acesso ao campus da instituição.
O movimento fechou a entrada da universidade pela primeira
vez no dia 3 de outubro. No dia 6, a greve estudantil foi deliberada e, desde
então, segundo a reitoria, o Comob vem impedindo a circulação em espaços
salutares da instituição.
Por meio de nota pública, a direção da universidade enfatizou
que vem tentando, através de escutas e diálogos, chegar a soluções que atendam os
pleitos estudantis. “Diariamente, o grupo gestor da Uefs vem se esforçando para
avançar nos diálogos com os estudantes, sempre ressaltando que as
reivindicações do movimento grevista são absolutamente legítimas e fazem parte
do sistema que torna viva e potente a universidade, como, inclusive, divulgado
amplamente, em notas oficiais, ao longo de um mês de greve”, diz o documento.
A notificação destaca que os prejuízos materiais, acadêmicos
e educacionais se avolumam, cada dia mais. E que a supressão do direito de ir e
vir vem inviabilizando a continuidade de obras, o cumprimento de demandas
administrativas e de diversos outros serviços, alguns essenciais, como, por
exemplo, a entrega de rações destinadas aos animais do Biotério.
A reitoria também cita que há bens pendentes de recebimento
em outubro que ultrapassam a cifra de R$ 2 milhões. E que as empresas EJos e
SanJuan, responsáveis pelas obras do Restaurante Universitário (RU) provisório
(orçadas em mais de R$ 3,2 milhões) e de pavimentação das vias do campus (estimadas
em mais de R$ 19 milhões) estão sendo impedidas de ter acesso às dependências do
campus, situação que pode vir a incorrer
em rescisões contratuais e aditivos.
Para além dos prejuízos materiais imediatos incididos sobre o
patrimônio da instituição, gerando evidentes danos ao erário público, a Uefs enfatiza
que “a interrupção das atividades implica em perdas de oportunidades para
formandos participarem de concursos e processos seletivos, ingresso em cursos de
pós-graduação, estágios de primeiro emprego, dentre outros”.
Para a instituição, “este é um impacto que não se pode
mensurar e que repercutirá, principalmente, sobre o futuro das famílias mais
vulneráveis”. Ainda segundo a reitoria, “o impedimento de pagamento de bolsas e
auxílios trouxe impacto direto para a sobrevivência dos estudantes em situação
de vulnerabilidade econômica e suas famílias, amplificando o sofrimento
psicoemocional dos envolvidos”.
O grupo gestor enfatiza ainda, no documento, que “a ocupação
da reitoria promove mal-estar, temores e tensões para as relações dos
trabalhadores técnicos e a administração central, com evidente alteração no
clima institucional e condições de trabalho” nos espaços da universidade.
Em razão das dificuldades que afirma enfrentar, a instituição
deu um prazo de 48 horas para que o Comob desocupe a universidade e libere o acesso,
a fim de que os serviços sejam normalizados e as demandas financeiras,
administrativas e acadêmicas cumpridas, “sob pena de serem adotadas todas as
medidas judiciais cabíveis”.
O QUE PENSA A ADUFS – Por meio de suas redes sociais, a
Associação dos Docentes da Universidade Estadual de Feira de Santana (Adufs)
considerou a notificação da reitoria da instituição arbitrária. “Em assembleia
docente realizada no dia 16 de outubro, a Adufs aprovou, por unanimidade, o
apoio à greve estudantil e a não-criminalização dos movimentos sociais. Assim,
a Associação manifesta a sua posição inegociável de defesa aos movimentos
sociais e sua liberdade de manifestação, contra retaliação às pessoas
envolvidas no processo”, declarou a entidade.