Feira de Santana perdeu, na tarde desta segunda-feira (17), um
dos seus maiores referenciais educacionais. A professora Ana Angélica Vergne de
Morais deixa um legado imensurável, marcado, especialmente, pela defesa da
Educação Superior pública e de qualidade. Sua história se confunde com a da própria
Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), instituição que ajudou a
fundar, quando ainda integrava a Faculdade de Educação de Feira de Santana.
Na Uefs, trabalhou boa parte de sua vida, ministrando aulas de
Literatura Brasileira. E seguiu contribuindo para o fortalecimento dos pilares
Ensino, Pesquisa e Extensão, mesmo após a aposentadoria. Ana Angélica atuou
como docente voluntária na Universidade Aberta à Terceira Idade (Uati) e, por
muitos anos, integrou o Núcleo de Leitura Multimeios, além de contribuir e
participar ativamente de diversos eventos promovidos pela universidade, como é
o caso do Festival Literário de Feira de Santana (Flifs).
Mestre em Teorias e Crítica da Literatura e da Cultura, era vinculada
ao Departamento de Letras e Artes (DLA) da Uefs, através do qual formou
centenas de alunos, muitos dos quais também passaram a fazer parte do quadro
docente da instituição.
Por meio de nota, a Uefs lamentou a perda da educadora e
destacou a sua importância para a educação pública do país. "É uma perda
imensurável para a educação do nosso país, para as universidades públicas, para
a causa da literatura e cultura brasileira, que representava com tanta
expressividade. A professora Ana Angélica tem uma trajetória de luta e
resistência pela educação pública popular e inclusiva e, hoje, é seu símbolo e
inspiração", disse a vice-reitora Amali Mussi.
Relembrando a sua trajetória, a instituição salientou, ainda,
que a professora Ana Angélica era muito querida por seus alunos, tendo sido homenageada
e nome de muitas turmas de Letras. Além disso, destacou as inúmeras outras
atividades desenvolvidas pela docente, inclusive administrativas. "Além do
ensino na sala de aula, desenvolveu, também, várias atividades
técnico-científicas e de pesquisas na área da literatura. Dentre diferentes
atividades desenvolvidas, ela foi diretora do Departamento de Letras e Artes e
coordenadora do colegiado do mesmo curso, na Uefs", diz o documento.
Ana Angélica Vergne de Morais muito contribuiu, também, para
a cultura feirense. Publicou artigos em inúmeros jornais, dentre os quais o
caderno Tribuna Cultural, suplemento do jornal Tribuna Feirense, do qual foi
colaboradora ativa, por muitos anos.
Apaixonada que era pelas Letras e pela Literatura, publicou,
também, diversos livros, como, por exemplo, Entre
a Palavra e a Experiência, Resgate da
Memória Literária Baiana: trilhas na formação de uma identidade cultural e Conhecendo Feira de Santana: olhares sobre a
cidade.
Além disso, fez parte, como membro, da Academia Feirense de
Letras (AFL) e da Academia de Educação de Feira de Santana. Sobre a
contribuição que deu à sociedade feirense, esta publicou: "A Academia de
Educação, consternada, manifesta seu profundo pesar pelo falecimento,
reconhecendo a grande perda para a Academia, para a educação, para a família e
para a sociedade. Mas graças sejam dadas a Deus pela vida que viveu, pela
história que construiu, pelo exemplo de dignidade e pela contribuição efetiva à
educação em nosso país. Que Deus mesmo console e conforte os familiares, amigos
e discípulos. Saudades eternas".
Ana Angélica Vergne de Morais também foi um importante referencial no ensino privado, tendo fundado o Colégio Anísio Teixeira, em Feira de Santana. Era casada com o também professor do Departamento de Letras da Uefs José Jerônimo de Morais e deixa filhos e netos.
O velório acontece, a partir das 8h desta terça-feira (18), na Pax Bahia da Avenida Centenário, no bairro SIM. O cortejo para o sepultamento, que será realizado no Cemitério São Jorge, na Rua Bartolomeu de Gusmão, bairro Sobradinho, está programado para sair às 15h.